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agrofolha
SC terá treino para abate humanitário nos frigoríficos
Norma do governo federal determina menos sofrimento para o animal, mas empresas menores ainda não adotam procedimento
Sociedade Mundial de Proteção Animal diz que serão ensinadas técnicas ainda mais rígidas do que
as fixadas pela Agricultura
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
Fiscais de serviços de inspeção e técnicos de frigoríficos de
Santa Catarina serão treinados
a partir deste mês para se adequar à série de normas de abate
humanitário, que regulamenta
métodos de manejo com menos sofrimento para animais.
O Ministério da Agricultura
tem norma desde 2000 estabelecendo como obrigatório o
abate desse tipo. Mas, segundo
a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), empresas
menores ainda não adotaram
os procedimentos.
Uma das idealizadoras do
treinamento é a Sociedade
Mundial de Proteção Animal,
que estima que o número de
produtores que adotam a norma não atinja nem a metade
dos abatedouros do país.
O treinamento será ampliado para outras regiões do país
em um segundo momento.
Segundo a sociedade, serão
ensinadas técnicas ainda mais
rígidas do que as estabelecidas
pelo governo federal.
No abate humanitário, os bovinos são insensibilizados com
o uso de uma pistola pneumática. Segundo a Sociedade Mundial de Proteção Animal, a
maior preocupação do programa é banir o modo tradicional
em que o boi é alvo de golpes de
marreta na cabeça.
O método também estabelece um número máximo de animais em confinamento em um
espaço, como forma de evitar
uma lotação que gere contusões nos bois. Também define
modos de transporte mais seguros para o animal.
Em aves e suínos, a insensibilização no abate humanitário é
feita por meio de eletrodos colocados para permitir a passagem de uma corrente elétrica.
Mercado externo
O treinamento, que deve durar um ano e meio, será feito
com técnicos de todos os frigoríficos catarinenses.
A adoção do conjunto de técnicas também atende a uma
pressão do mercado internacional por um manejo dos animais com menos sofrimento.
Ricardo Gouvêa, do Sindicarnes (representa a indústria de
aves e suínos em Santa Catarina), diz que missões de outros
países que visitam o Estado
questionam os produtores sobre a adoção das normas.
Para ele, apesar do custo adicional que a adoção das normas
gera para os frigoríficos, o manejo de animais por meio da
técnica é um investimento para
atender os requisitos internacionais. Segundo o sindicato, as
maiores empresas do setor no
Estado já adotam o método.
De acordo com a Abrafrigo,
as regiões Norte e Nordeste do
país são as que têm mais produtores de carne que ainda não
utilizam o método.
Carne melhor
O veterinário Elvert de Oliveira, gerente de inspeção animal do governo de Santa Catarina, diz que o ideal seria colocar na embalagem da carne um
alerta ao consumidor de que a
produção foi feita pelo método
de abate do animal considerado
humanitário.
Oliveira também afirma que
o abate com métodos menos
estressantes para o animal gera
uma carne até de mais qualidade para o consumidor. "O negócio não é tratar o animal na base da cacetada", disse.
Em Santa Catarina, todos os
frigoríficos devem ter ao menos
quatro integrantes participando do treinamento.
O Ministério da Agricultura
não tem estimativas sobre a
quantidade de produtores que
usam o método humanitário de
abate no país.
A meta inicial do treinamento do método é instruir 2.000
inspetores federais, estaduais e
municipais de todo o Brasil.
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