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Plantação de seringueiras cresce 67% em dez anos em São Paulo
Estado colhe mais da metade da produção do país; crise fez o preço despencar
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número de pés de seringueira aumentou 67% nos últimos dez anos em São Paulo, Estado que é responsável por mais da metade da produção
nacional de borracha. Os dados
são do IEA (Instituto de Economia Agrícola), ligado ao governo do Estado.
A heveicultura, como é chamado o cultivo de seringueiras,
foi a única das culturas tradicionais a resistir ao avanço dos
canaviais, que registraram aumento de 81% na área plantada
no período. Milho, soja e café
seguiram tendência inversa e
perderam terreno.
O número de seringueiras
em produção passou de 11,565
milhões em 1998 para 19,331
milhões em 2008. Cada hectare
tem, em média, 450 árvores, o
que dá aos seringais em produção uma área de aproximadamente 42 mil hectares.
De acordo com Paulo Gonçalvez de Souza, pesquisador
do Instituto Agronômico de
Campinas, especialista em seringueiras, há pelo menos mais
42 mil hectares plantados no
Estado que passarão a produzir
nos próximos anos.
Especialistas e produtores
ouvidos pela Folha dizem que
a explicação para o avanço das
seringueiras é o valor atingido
pela borracha natural nos últimos anos. Até o agravamento
da crise, no final do ano passado, o quilo do coágulo retirado
das árvores custava, em média,
R$ 2,20 -preço que despencou
para R$ 1,00 em dezembro.
Demanda garantida
Outra característica dos seringais, porém, deixa os produtores menos apreensivos com a
queda no valor: a heveicultura é
uma cultura de longa data -cada pé demora cerca de seis anos
para começar a produzir-, e o
Brasil importa mais de dois terços do que consome, o que garante a demanda futura, diz
Souza, que trabalha há 38 anos
com seringueiras.
Atualmente, o quilo do coágulo passa por recuperação e os
produtores já conseguem negociar o produto a R$ 1,40.
De acordo com o pesquisador, o custo de manutenção dos
seringais e a característica das
propriedades deixam os heveicultores em vantagem em relação a outras culturas que precisam de produção em grande escala para se tornarem viáveis,
como grãos e cana.
O maior investimento no cultivo é feito durante a formação
dos seringais, quando são necessárias mudas selecionadas,
técnicas apropriadas de plantio
e é necessário esperar seis anos
até que comecem a gerar renda,
segundo Paulo Fernando de
Brito, diretor do EDA (Escritório de Defesa Agropecuária) de
Barretos -segunda maior região produtora do Estado, atrás
de São José do Rio Preto. Durante a safra, os maiores gastos
ficam por conta da mão de obra.
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