São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMBUSTÍVEIS

Na nona alta seguida, cotação do barril supera US$ 30, nível que não era alcançado desde fevereiro de 2001

Preço do petróleo sobe com rumor de guerra

DA REDAÇÃO

Os rumores sobre um iminente ataque militar dos EUA contra o Iraque lançou o preço do barril do petróleo acima de US$ 30 ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York.
A disparada do produto, que subiu pelo nono dia seguido e atingiu seu maior preço em um ano e meio, acendeu uma luz amarela no governo norte-americano. A alta nos combustíveis colocaria em risco a frágil recuperação econômica do país.
O barril para entrega em setembro chegou a ser negociado a US$ 30,32, antes de fechar a US$ 30,11, com alta de 0,9% no dia. As cotações não atingiam valores tão elevados no mercado nova-iorquino desde fevereiro de 2001 -antes, portanto, do início da recessão norte-americana.
Nem durante a crise da Venezuela, com a tentativa de golpe de Estado em abril passado, nem depois dos atentados de 11 de setembro o barril havia atingido tais cotações. Desde o dia 8 de agosto, o barril acumula alta de 13% na Bolsa Mercantil de Nova York.
Além da perspectiva de um ataque ao Iraque, o que poderia desestabilizar o fornecimento, a queda nas reservas americanas também pressiona a cotação. Ao mesmo tempo, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) se mostra satisfeita com os atuais preços e deu a entender que não pretende elevar seus níveis de produção tão cedo.
Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, o barril do tipo Brent com entrega para outubro encerrou o dia cotado a US$ 27,10, com queda de 0,6%.
No final da tarde de ontem, após o fechamento dos negócios, foi divulgado o balanço semanal das reservas norte-americanas, que mostrou um aumento. Mas, durante todo o dia, os operadores trabalharam com a especulação de que o relatório do Instituto Americano do Petróleo (API, na sigla em inglês) revelaria uma nova redução dos estoques.
Segundo o API, os estoques de óleo cresceram 6,6 milhões de barris na semana passada, para 302 milhões de barris. Ainda assim, os reservatórios estão oscilando nos menores níveis desde o começo do ano passado. Com a notícia, a cotação caiu nos negócios "after market".

Guerra do Golfo 2
Se realmente houver um conflito entre os EUA e o Iraque, a Opep ampliaria sua oferta, mas caso ocorram problemas no fornecimento. Os membros do cartel dizem que hoje não há razões para elevar a produção, uma vez que a cesta de petróleos usada como referência pela organização está abaixo de US$ 28 (na segunda-feira, a sexta valia US$ 26,82). A margem com que a organização trabalha é de US$ 22 a US$ 28.
"Se uma guerra tiver início, os países da Opep estarão prontos para preencher toda eventual queda no fornecimento", disse o ministro kuaitiano do petróleo, xeque Ahmad al-Fahd al-Sabah, em entrevista a um jornal russo.
O presidente dos EUA, George W. Bush, não esconde a intenção de terminar a tarefa que seu pai não conseguiu realizar há 11 anos, durante a Guerra do Golfo, ou seja, retirar Saddam Hussein do governo iraquiano. Mas a ação militar enfrenta grande resistência no país, inclusive no partido de Bush, o Republicano, e o conflito poderia desestabilizar a economia.
A próxima reunião da Opep ocorrerá no mês que vem. Declarações de autoridades nas últimas semanas indicam que não deverá ser decidida uma elevação nos atuais níveis de oferta do cartel.
A produção dos 11 países-membros da Opep está hoje no menor patamar dos últimos dez anos, reflexo da recessão global do ano passado. Desde o começo do ano passado, o cartel fez vários cortes, reduzindo a oferta em 19%.
Estabelecido em 1960, o cartel controla metade do óleo exportado no planeta e seu maior produtor é a Arábia Saudita.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Repasse do preço do botijão ainda está abaixo do valor das refinarias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.