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Reajustes nos salários registram
pior resultado do Real, diz Dieese
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos reajustes salariais
negociados no primeiro semestre
deste ano ficou abaixo da inflação.
Os acordos trabalhistas atingiram, nesse período, o pior resultado desde o Plano Real, quando o
governo encerrou a política que
garantia reposição automática
das perdas inflacionárias. E mais:
triplicou o número de acordos em
que os reajustes salariais foram
negociados em até três parcelas.
Pesquisa nacional do Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que 54% dos
149 acordos firmados de janeiro a
junho obtiveram reajustes abaixo
do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE
-ou seja, 81 acordos salariais não
conseguiram nem sequer zerar a
variação do índice nos 12 meses
anteriores a cada data-base.
O pior resultado havia sido
constatado pelo Dieese em 1999,
quando 45% das categorias não
tinham conseguido repor as perdas da inflação. Naquele ano,
ocorreram o fim da política de
câmbio controlado do governo
FHC e a primeira maxidesvalorização do real.
Nos acordos feitos pelas categorias com data-base no primeiro
semestre deste ano, 24,8% tiveram reajustes iguais ao INPC e
20,8%. Para fazer o estudo, o
Dieese compara os reajustes com
a inflação medida pelo INPC porque esse é o indicador usado nas
negociações salariais, além de servir de referência desde 1979 para
reajustar o salário mínimo e os
benefícios previdenciários.
"A pressão da inflação, que subiu no último trimestre de 2002,
combinada com o desempenho
pífio da economia, os juros altos e
as elevadas taxas de desemprego
se refletiu de forma negativa nas
negociações salariais", diz José
Silvestre Prado de Oliveira, economista e técnico do Dieese.
O levantamento também mostra que cresceu significativamente
o número de categorias que obtiveram reajustes com menos cinco
pontos percentuais abaixo do
INPC - foram 17% no primeiro
semestre deste ano contra 1,2%
em igual período de 2002.
"A inflação acumulada nos 12
meses chegou a 20,44% em junho
[medida pelo INPC]. Os sindicatos encontram dificuldades para
negociar reposições com percentuais de inflação nesse patamar",
diz Prado de Oliveira.
Isso pode explicar, na sua avaliação, o crescimento no número
de acordos trabalhistas que parcelaram a reposição da inflação. De
1997 a 2002, o Dieese constatou
que entre 2% e 9% do total de
acordos analisados parcelaram os
reajustes concedidos.
No primeiro semestre deste
ano, os reajustes parcelados atingiram 33% (ou 49) dos acordos
salariais realizados. Entre esses
acordos, cerca de dois terços ficaram abaixo do INPC. "Além de
não conseguir a inflação nos salários, o trabalhador também teve
prejuízo porque o acordo foi parcelado", diz o economista. Caso
dos professores da rede particular
de São Paulo. A tendência deve se
manter no segundo semestre.
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