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Folhainvest
Recordes animam fundos de dividendos
Lucros inéditos de empresas brasileiras estimulam plano de investimento baseado em bons pagadores de proventos
Proventos repassados no primeiro semestre são 87% do total de 2005, segundo a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os resultados de muitas empresas nacionais no primeiro
semestre deste ano mostraram
a continuidade da expansão de
seus lucros. O setor bancário,
por exemplo, nunca ganhou
tanto. Para os acionistas, esses
dados são animadores: os resultados recordes das companhias
significam pagamento maior de
dividendos.
Apenas no primeiro semestre deste ano, os proventos (especialmente dividendos e juros
sobre o capital) já pagos representam 87% do registrado em
todo o ano de 2005. Os dados
pertencem à CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e
Custódia).
Na primeira metade de 2006,
foram repassados, via CBLC,
R$ 15,47 bilhões em proventos.
Em todo o ano de 2005 foram
R$ 17,74 bilhões, e em 2004 foram R$ 13,65 bilhões. Há pouco
tempo, em 2000, foram contabilizados apenas R$ 3,06 bilhões pagos em proventos.
E esse montante considera
apenas os proventos pagos por
meio da CBLC. Há um pesado
volume de recursos repassados
diretamente pelas empresas a
seus acionistas.
Os dividendos são uma parcela do lucro que as companhias de capital aberto têm de
repassar obrigatoriamente a
seus acionistas. Por lei, no mínimo 25% do lucro líquido da
empresa é creditado aos acionistas via dividendos. Assim,
quanto mais as companhias lucram, mais os detentores de
suas ações ganham.
Na esteira desse momento
favorável, as instituições financeiras têm colocado no mercado um tipo de fundo de ação conhecido como "fundo de dividendos". Essas aplicações buscam carregar ações de empresas que historicamente são
boas pagadoras de dividendos.
Os principais bancos de varejo já têm produtos desse tipo. O
investimento mínimo varia
bastante de uma instituição para outra, mas é possível entrar
em alguns desses fundos com
menos de R$ 1.000.
Nessas aplicações, além da
esperada valorização dos papéis, o investidor ainda pode lucrar um pouco mais com o pagamento dos dividendos.
Welber Brito, gestor da UAM
(Unibanco Asset Management), afirma que os dividendos provenientes do fundo que
administra são creditados diretamente na conta corrente do
cliente.
"Esse fundo dá a oportunidade de o cliente sempre ter algum dinheiro caindo na sua
conta corrente", comenta o
gestor da UAM.
O Unibanco Private Dividendos deu rentabilidade anual de
15,48% até o dia 16, batendo o
Ibovespa (principal índice da
Bolsa paulista), que subiu
12,62% no período. Ou seja,
além de pagar dividendos, o
fundo do banco rendeu mais
que a Bolsa.
Levantamento do site Fortuna (www.fortuna.com.br), especializado no acompanhamento de fundos de investimento, mostra que o BB Top
Ações Dividendos (do Banco do
Brasil) e o Bradesco FIA Dividendos se destacam em termos
de rentabilidade no ano, com
valorização de 20,70% e
17,42%, respectivamente.
Os fundos de renda fixa, a
maior categoria do mercado,
que pagam juros a seus aplicadores, renderam na média 9,5%
no período. A renda fixa conta
com patrimônio líquido de
R$ 330 bilhões, cerca de 40%
de todo o mercado de fundos,
segundo a Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento).
Os fundos de dividendos são
catalogados na categoria "ações
outros", que conta com patrimônio de R$ 12,68 bilhões.
Analistas lembram que, como qualquer fundo de ação, esses carregam riscos maiores
que a renda fixa.
Escolhas
O gestor Guilherme Rebouças de Oliveira, do Itaú, afirma
que o objetivo do fundo "é ser
melhor que a Bolsa, com o foco
nos dividendos". O fundo do
Itaú, o Ace Dividendos Ações, é
um dos mais antigos do mercado, estando ativo desde o fim da
década de 90, e conta com patrimônio de cerca de R$ 300
milhões -um dos maiores do
segmento. Neste ano, a rentabilidade do fundo está em torno
dos 12%.
"É um fundo para quem pensa no longo prazo e com um caráter mais defensivo", diz Oliveira. O gestor explica que sempre busca ações de empresas
com elevado "dividend yield".
O dividend yield representa o
total de dividendos e juros sobre capital pagos por uma empresa, em determinado período, dividido pela cotação da
ação.
Apesar dos grandes lucros e
conseqüentes volumes expressivos de dividendos repassados,
"os bancos têm dividend yield
na média do mercado", afirma
Oliveira.
Setores
Brito, da UAM, destaca ações
dos setores de energia elétrica e
de telecomunicações como sérias candidatas a entrar na carteira do fundo. "Avaliamos as
expectativas de pagamentos de
dividendos das ações e também
papéis que tenham boas perspectivas de valorização", diz o
gestor.
"O fundo não tem tanta volatilidade. É indicado para quem
quer dar uma diversificada,
buscando uma rentabilidade
interessante", diz.
Com a expectativa de que a
economia brasileira consiga registrar neste ano uma taxa de
crescimento melhor que a alcançada em 2005, o panorama
para esses fundos acaba por ser
bastante favorável. As companhias brasileiras têm tudo para
seguirem lucrando cada vez
mais e pagando volumes maiores de proventos.
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