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Bolsa de SP "respira" e tem alta de 1,33%
Sem notícias negativas no dia, mercados no mundo registram valorizações; no mês, porém, Bovespa acumula queda de 9,18%
Para especialistas, trégua não significa fim da fase de turbulência, que começou em julho; dólar avança 0,10% e fecha em R$ 2,029
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A fraca agenda de eventos
econômicos permitiu que o
mercado financeiro tivesse um
dia um pouco menos tenso. Nas
principais praças financeiras,
as Bolsas de Valores encerraram em terreno positivo.
Na Bovespa, a alta foi de
1,33% no pregão de ontem -valorização tímida diante da queda de 7,75% acumulada na semana passada. No mês, a Bolsa
tem queda de 9,18%, e no ano
registra ganhos de 10,6%.
Em Wall Street, as altas registradas foram de 0,32% (Dow
Jones) e de 0,14% (Nasdaq). A
Bolsa de Londres subiu 0,24%.
Foi na Ásia que os investidores se mostraram mais animados: o índice Nikkei, de Tóquio,
subiu 3%; e, em Hong Kong, a
Bolsa avançou 5,93%, refletindo o otimismo da sexta, quando
o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduziu os
juros cobrados dos bancos.
Os indicadores antecedentes
-índices que apontam as tendências futuras da economia
americana- avançaram em julho, após recuo no mês anterior, o que ajudou no otimismo.
A trégua de ontem não significou, porém, fim do período de
turbulência que sacode o mercado há quase um mês. Tanto
que muitas Bolsas chegaram a
operar em baixa -o índice Dow
Jones chegou a perder 0,74%.
As incertezas em relação ao
potencial de contágio da crise
de crédito habitacional americano em outros setores da economia têm feito investidores se
desfazerem de ativos de risco,
como as ações -e isso tem derrubado as Bolsas pelo mundo.
Os pregões não foram melhores ontem devido a algumas notícias que não foram bem recebidas. Ontem, a empresa americana de crédito imobiliário
Thornburg Mortgage afirmou
que irá liquidar ativos estimados em US$ 20,5 bilhões devido
à crise. Houve também a informação de que o Deutsche Bank,
uma instituição financeira de
grande porte, teria tomado recursos com o BC americano.
Mesmo com o dia menos turbulento, o Fed injetou mais
US$ 3,5 bilhões no mercado ontem, dando continuidade ao
processo de elevação de liquidez do mercado iniciado há
mais de dez dias.
Com a piora da crise, a oferta
de recursos nos sistemas financeiros americano, europeu e
asiático encolheu e elevou de
forma indesejada os juros. Isso
fez os BCs oferecerem recursos
extraordinários, como forma
de conter a alta das taxas.
"Na sexta, o BC americano
continuou seu papel de buscar
equilibrar a liquidez e o pessimismo do mercado, reduzindo
taxas. Mesmo assim, hoje [ontem] os mercados voltaram a ficar bastante voláteis, demonstrando que estamos no meio do
olho do furacão", diz em relatório Alexandre Póvoa, diretor
responsável pela Modal Asset.
O dólar teve alta de 0,10% e
fechou vendido a R$ 2,029. A
moeda já subiu 7,75% no mês.
O risco-país subiu ontem
3,85%, para 216 pontos.
Juros futuros
O dia menos tenso não conseguiu deter a alta das taxas de
juros na BM&F. Nas últimas
semanas, as taxas futuras tiveram importantes elevações,
que indicam que aumentaram
as incertezas sobre a próxima
decisão do Copom.
No contrato DI -que mostra
as projeções dos juros- mais
negociado, com resgate em 18
meses, a taxa subiu de 11,75%
na sexta para 11,90% ontem. No
fim de julho, o contrato tinha
taxa de 10,94%.
A taxa do DI que vence no fim
do ano saiu de 11,08% em 31 de
julho para 11,33% ontem.
Por enquanto a pesquisa semanal feita pelo BC com os
bancos não apontou os respingos da crise. Os analistas ainda
esperam juros básicos de
10,75% ao fim do ano.
Nessas semanas turbulentas,
as projeções das taxas de curto
prazo foram poupadas na
BM&F, o que mostra que uma
parcela importante dos investidores ainda espera que a taxa
básica Selic seja reduzida no
próximo encontro do Copom,
em 4 e 5 de setembro.
O que mudou foi a tônica das
discussões. Há um mês, discutia-se se a Selic, hoje em 11,5%
ao ano, seria cortada em 0,50
ponto ou em 0,25 ponto percentual. Hoje, a discussão gira
em torno de um corte de 0,25
ponto ou a manutenção da taxa.
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