São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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Bolsa de SP "respira" e tem alta de 1,33%

Sem notícias negativas no dia, mercados no mundo registram valorizações; no mês, porém, Bovespa acumula queda de 9,18%

Para especialistas, trégua não significa fim da fase de turbulência, que começou em julho; dólar avança 0,10% e fecha em R$ 2,029

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A fraca agenda de eventos econômicos permitiu que o mercado financeiro tivesse um dia um pouco menos tenso. Nas principais praças financeiras, as Bolsas de Valores encerraram em terreno positivo.
Na Bovespa, a alta foi de 1,33% no pregão de ontem -valorização tímida diante da queda de 7,75% acumulada na semana passada. No mês, a Bolsa tem queda de 9,18%, e no ano registra ganhos de 10,6%.
Em Wall Street, as altas registradas foram de 0,32% (Dow Jones) e de 0,14% (Nasdaq). A Bolsa de Londres subiu 0,24%.
Foi na Ásia que os investidores se mostraram mais animados: o índice Nikkei, de Tóquio, subiu 3%; e, em Hong Kong, a Bolsa avançou 5,93%, refletindo o otimismo da sexta, quando o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduziu os juros cobrados dos bancos.
Os indicadores antecedentes -índices que apontam as tendências futuras da economia americana- avançaram em julho, após recuo no mês anterior, o que ajudou no otimismo.
A trégua de ontem não significou, porém, fim do período de turbulência que sacode o mercado há quase um mês. Tanto que muitas Bolsas chegaram a operar em baixa -o índice Dow Jones chegou a perder 0,74%.
As incertezas em relação ao potencial de contágio da crise de crédito habitacional americano em outros setores da economia têm feito investidores se desfazerem de ativos de risco, como as ações -e isso tem derrubado as Bolsas pelo mundo.
Os pregões não foram melhores ontem devido a algumas notícias que não foram bem recebidas. Ontem, a empresa americana de crédito imobiliário Thornburg Mortgage afirmou que irá liquidar ativos estimados em US$ 20,5 bilhões devido à crise. Houve também a informação de que o Deutsche Bank, uma instituição financeira de grande porte, teria tomado recursos com o BC americano.
Mesmo com o dia menos turbulento, o Fed injetou mais US$ 3,5 bilhões no mercado ontem, dando continuidade ao processo de elevação de liquidez do mercado iniciado há mais de dez dias.
Com a piora da crise, a oferta de recursos nos sistemas financeiros americano, europeu e asiático encolheu e elevou de forma indesejada os juros. Isso fez os BCs oferecerem recursos extraordinários, como forma de conter a alta das taxas.
"Na sexta, o BC americano continuou seu papel de buscar equilibrar a liquidez e o pessimismo do mercado, reduzindo taxas. Mesmo assim, hoje [ontem] os mercados voltaram a ficar bastante voláteis, demonstrando que estamos no meio do olho do furacão", diz em relatório Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset.
O dólar teve alta de 0,10% e fechou vendido a R$ 2,029. A moeda já subiu 7,75% no mês. O risco-país subiu ontem 3,85%, para 216 pontos.

Juros futuros
O dia menos tenso não conseguiu deter a alta das taxas de juros na BM&F. Nas últimas semanas, as taxas futuras tiveram importantes elevações, que indicam que aumentaram as incertezas sobre a próxima decisão do Copom.
No contrato DI -que mostra as projeções dos juros- mais negociado, com resgate em 18 meses, a taxa subiu de 11,75% na sexta para 11,90% ontem. No fim de julho, o contrato tinha taxa de 10,94%.
A taxa do DI que vence no fim do ano saiu de 11,08% em 31 de julho para 11,33% ontem.
Por enquanto a pesquisa semanal feita pelo BC com os bancos não apontou os respingos da crise. Os analistas ainda esperam juros básicos de 10,75% ao fim do ano.
Nessas semanas turbulentas, as projeções das taxas de curto prazo foram poupadas na BM&F, o que mostra que uma parcela importante dos investidores ainda espera que a taxa básica Selic seja reduzida no próximo encontro do Copom, em 4 e 5 de setembro.
O que mudou foi a tônica das discussões. Há um mês, discutia-se se a Selic, hoje em 11,5% ao ano, seria cortada em 0,50 ponto ou em 0,25 ponto percentual. Hoje, a discussão gira em torno de um corte de 0,25 ponto ou a manutenção da taxa.

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