São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Petrobras quer participação maior da União

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras defende o aumento da participação da União na empresa como forma de se fortalecer para investir nas descobertas do pré-sal.
De acordo com o plano da companhia, a operação seria feita por meio de uma emissão privada, aberta apenas ao atual controlador da companhia, o Estado. Dos atuais 40% de participação, o Tesouro chegaria a algo próximo a 60%.
As nove descobertas já feitas no pré-sal da bacia de Campos demandam investimentos de cerca de US$ 600 bilhões.
Estimativas preliminares indicam que a capitalização poderia gerar até US$ 100 bilhões aos cofres da Petrobras. O aporte seria quitado com os dividendos que a União terá a receber da Petrobras, que tendem a engordar com o início da produção no pré-sal.
Na prática, a proposta é quase uma reestatização da companhia, pois os acionistas privados -com 60% do capital- teriam suas posições diluídas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que nenhum campo já licitado à Petrobras e às suas parceiras migre para o portfólio da nova estatal que o governo estuda criar, apurou a Folha. A nova companhia, que será 100% da União, será responsável apenas pelas áreas sem concessão.
Não há risco de um esvaziamento da Petrobras, relataram pessoas próximas às discussões sobre o novo modelo. Ao contrário: a Petrobras, no novo escopo, será parceira prioritária da nova estatal. A idéia é que a companhia criada para o pré-sal fique com a administração dos contratos de partilha de produção e tenha uma estrutura gerencial enxuta.
A grande operadora de campos petrolíferos do país ainda será a Petrobras, que ficará com boa parte dos contratos de campos sem concessão.
Segundo apurou a Folha, as idéias de constituir a nova estatal e capitalizar a Petrobras eram inicialmente antagônicas, pois foi proposta pela Petrobras como uma alternativa à criação da nova companhia. Mas a Petrobras passou a vê-las como complementares. É que o maior desafio do pré-sal é justamente levantar recursos para financiar a produção nos campos já licitados.

Inclinação
Embora não haja decisão formal sobre a criação da nova empresa, existe uma "forte inclinação" do governo para constituir a nova estatal, dizem pessoas próximas às discussões.
Anteontem, houve uma reunião da comissão interministerial que analisa propostas para o novo regime exploratório do pré-sal. Nela, foram apresentadas as áreas do pré-sal que ainda não têm concessão, debatido o modelo de exploração de partilha de produção e citado o "case" da Noruega. O país nórdico é visto como exemplo, pois criou um fundo para beneficiar as gerações futuras e uma nova estatal dedicada a administrar as finanças.


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