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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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COBERTOR CURTO

Aposentado sonhava em viajar, mas aposentadoria de um salário mínimo não é suficiente

Trabalhar não é escolha, diz metalúrgico

Jorge Araujo/Folha Imagem
Olívio Gomes Correia, 75, ganha R$ 720 ao mês fiscalizando serviços em condomínio para complementar orçamento familiar


DA REPORTAGEM LOCAL

"Meus colegas que estão aposentados só não trabalham porque não conseguem arrumar uma vaga. Se tivessem chance, com certeza, voltariam à ativa."
A afirmação é do metalúrgico Olívio Gomes Correia, 75, que, aposentado há sete anos, diz precisar trabalhar -e fazer jornadas diárias de oito horas- para conseguir completar o orçamento da família -ele e a mulher, também aposentada.
"Quando me aposentei, pensei que poderia viajar, descansar e me dedicar a ajudar os outros em atividades voluntárias. Mas, com uma aposentadoria de R$ 240, essa vida só fica no sonho", diz o aposentado.
Para completar a renda, Correia trabalha no setor de administração de condomínios, o que lhe rende R$ 720 mensais. Ele fiscaliza os serviços de faxina e de segurança executados por empresas terceirizadas em prédios comerciais e residenciais.
"Na ponta do lápis, gasto R$ 350 de aluguel, cerca de R$ 150 com água, luz e telefone, além de R$ 100 com outras despesas, como IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] e taxa do lixo", diz o aposentado.
Feitas as contas, sobram no orçamento de Correia e de sua mulher R$ 360 para gastar em alimentação, roupas e remédios. "Como eu poderia viver sem trabalhar e sem esse salário?", pergunta o aposentado.

Na mesma
Para Yara Lucia Bellintani, 57, a situação não é diferente. Após se aposentar em 1993 como telefonista, o que lhe garante um benefício previdenciário de R$ 700 mensais, ela diz que precisa trabalhar para ajudar a pagar o convênio médico e os remédios da mãe, de 84 anos, que sofre do mal de Parkinson.
Pelo trabalho de atendente em um consultório médico, com jornada semanal de 40 horas, Yara recebe R$ 500.
"Minha situação só não é mais grave porque não tenho de pagar aluguel", afirma a aposentada. (CR)

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