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Aos poucos, BC dos EUA muda de papel
DE WASHINGTON
Na recessão de 1921, os
fazendeiros americanos
foram bater na porta do
Congresso. Estavam quebrados e precisavam de dinheiro. Os políticos apelaram para o Fed (Federal
Reserve), que respondeu:
"Não é nosso problema". O
Legislativo acabaria criando os Federal Land Banks,
de financiamento agrícola.
Na década seguinte, no
auge da Depressão, com
mutuários se tornando
inadimplentes a ritmo perigoso, o Congresso foi de
novo ao BC, que respondeu: "Não é nosso problema". Os políticos criaram
então os Federal Home
Loan Banks, de financiamento imobiliário.
Agora, o sistema financeiro está em apuros -e
quem está batendo na porta do Congresso para salvar os bancos é o Fed, que
já investiu quase um terço
de seu dinheiro em operações resgate de instituições financeiras. Nos próximos dias, a Casa controlada pela oposição democrata responderá se o problema é seu ou não.
Há uma inversão de valores aqui, e Allan Meltzer
não está feliz. Professor da
Universidade Carnegie
Mellon e a maior autoridade do país em estudos do
BC, atividade que exerce
há meio século, foi ele
quem contou as histórias
acima, em programa da rádio pública NPR.
A inversão de papéis "é
um problema", disse. "Se
há uma questão de governabilidade, quem tem de
resolver é o Congresso,
não o Fed." Para Meltzer,
o enredo é sempre o mesmo. "Alguém chega ao secretário do Tesouro ou ao
presidente do Fed e diz:
"Se não fizermos assim, vamos ter uma depressão
terrível. E vai ser conhecida como a Depressão de
Bernanke. E, se você não
agir, vai ser um desastre"."
Membros do Congresso,
democratas e republicanos, começam a se incomodar com o que enxergam como extensão dos
tentáculos do BC. Por lei,
suas atribuições são muitas e de interpretação ampla. Entre elas, "lidar com
o problema de pânicos
bancários", "supervisionar e regulamentar instituições bancárias" e "manter a estabilidade do sistema financeiro e conter riscos sistêmicos aos mercados financeiros".
(SD)
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