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Plano abre espaço a "barganha" política
Genérico, com duas páginas e meia, texto enviado ao Congresso deve receber emendas para ajudar também os mutuários
Casa Branca quer "margem" para ajustar medidas; congressistas dizem que texto não pode resgatar só o sistema bancário
DA REDAÇÃO
A proposta de um pacote de
US$ 700 bilhões, enviada na
sexta-feira à noite ao Congresso pelo Tesouro americano,
tem só duas páginas e meia. O
projeto é genérico no tocante à
função da nova agência, que irá
comprar os papéis podres.
Também dará poderes ilimitados ao governo para comprar e
vender títulos hipotecários e
mantê-los sob seu controle por
tempo indeterminado.
O documento não especifica,
por exemplo, de quais instituições o governo comprará títulos nem o que poderá exigir ou
obter em troca. Segundo o
"Wall Street Journal", o objetivo ao entregar um plano "enxuto" foi o de buscar flexibilidade
para ajustes à medida que as
condições do mercado mudem.
Mas tal decisão pode dificultar a aprovação no Congresso,
pois representará oportunidade para que sejam apresentadas emendas. Democratas, que
detêm o controle das duas Casas, e até republicanos questionam a abrangência das medidas e a falta de mecanismos para supervisão dos gastos.
"[A proposta] é uma boa base
para um plano que possa estabilizar rapidamente os mercados", disse o senador democrata Charles Schumer. "Mas ela
não inclui proteção visível para
os contribuintes e os mutuários. Esperamos conversar com
o Tesouro para saber se eles
pensam nessas questões."
Foi a mesma linha defendida
pelo candidato democrata à
presidência, Barack Obama.
"Nós temos de assegurar que
tudo que nosso governo faça
tem de funcionar não apenas
para Wall Street mas também
para o cidadão comum", disse
em discurso na Flórida.
O republicano John McCain,
do mesmo partido do atual presidente, George W. Bush, também fez ressalvas. "A crise financeira requer liderança e
ação para restaurar os fundamentos sadios dos mercados,
colocar nossa economia no seu
passo e eliminar essa carga para
as famílias trabalhadoras de
classe-média dos EUA."
O plano foi criticado pelo
vencedor do Prêmio Nobel de
Economia em 2001, Joseph Stiglitz, em entrevista a um jornal
alemão. O economista classificou o projeto de "monstruoso"
para os contribuintes norte-americanos e afirmou que o
plano "não é mais do que uma
solução de curto prazo".
"Colocamos os investimentos de risco nas mãos dos contribuintes. [Como nenhum investidor quer tais investimentos], a embrulhamos ao contribuinte", afirmou Stiglitz.
Segundo cálculos do jornal
"The New York Times", o plano
de US$ 700 bilhões terá um
custo estimado de US$ 2.000
por cidadão americano.
Esse montante que será gasto na compra de papéis podres
(títulos de má qualidade) supera com folga o custo até o momento do governo americano
na Guerra do Iraque -estimados US$ 560 milhões.
Ao propor elevar o teto para o
endividamento do governo de
US$ 10,6 trilhões para US$ 11,3
trilhões -valor que corresponde a cerca de 75% do PIB do
país, de US$ 15 trilhões-, o governo suscita ainda mais preocupação com sua capacidade de
investimentos nos próximos
anos. Muitos economistas dizem que o pacote não evitará a
recessão nos EUA, uma vez que
o sistema financeiro estará debilitado para emprestar às empresas e aos consumidores.
Em evento em São Paulo ontem, o presidente Lula voltou a
criticar o governo norte-americano. Segundo ele, os EUA demoraram a tomar uma atitude.
"Finalmente, ontem [sexta], o
presidente George Bush assinou um pacote colocando cerca
de US$ 500 bilhões [foram US$
700 bilhões] para comprar os
títulos podres das empresas
que estavam quebrando."
Com agências internacionais
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