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Investimento volta com Estado, diz BNDES
País já retomou R$ 43 bi em projetos congelados após a crise, diz estudo do banco, que vê expansão do PIB de 5% em 2010
Levantamento aponta retomada em petroquímica, energia e infraestrutura, três setores regulados ou liderados pelo Estado
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil já retirou da gaveta
quase a metade dos R$ 100 bilhões em projetos de investimentos que haviam sido congelados depois da crise do banco
de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008.
É o que indica levantamento
da área de pesquisa econômica
do BNDES. Com base nesse levantamento, o banco oficial de
fomento passou a estimar que a
economia brasileira pode crescer 5% ou até mais em 2010.
O estudo foi elaborado com
base em projetos anunciados,
retomados ou cancelados tanto
por empresas privadas como
pelo setor público para o período 2009/2012.
"Do ponto de vista global, um
ano após o início da crise, podemos ver que seu impacto nos
investimentos acabou não sendo tão relevante no longo prazo", disse Ernani Torres Filho,
superintendente de pesquisa e
acompanhamento econômico
do banco.
No curto prazo, pelo menos,
a crise interrompeu o crescimento dos investimentos visto
ao longo de 2008. A taxa de investimentos como proporção
do PIB do país caiu a 15,7% no
segundo trimestre deste ano, a
menor desde 2003.
O estudo do BNDES registra
o ânimo de investimentos no
Brasil em três momentos: pouco antes da crise, em agosto de
2008; no auge dela, em dezembro de 2008; e em agosto passado, com a percepção generalizada de que seus efeitos foram
menos intensos no Brasil.
No primeiro momento, os investimentos mapeados estavam em R$ 781 bilhões. Com a
crise, caíram para R$ 688 bilhões (redução de R$ 93 bilhões, ou 12%). No mês passado, voltaram a subir, para R$
731 bilhões (alta de R$ 43 bilhões, ou 6%).
Houve uma recuperação notável do ânimo empresarial especialmente nos setores de
energia, petroquímica e infraestrutura, três setores regulados pelo Estado ou protagonizados por estatais. Nessas
três áreas, a perspectiva de investimentos medida em agosto
é ainda maior do que visto antes da crise, em agosto de 2008.
Os investimentos em energia
ganharam musculatura com as
reservas de petróleo do pré-sal
e o avanço da construção das
hidrelétricas do rio Madeira.
Em petroquímica, foram robustecidas com o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro e a Companhia Petroquímica de Pernambuco.
No setor de infraestrutura, o
aumento da disposição em investir deve-se ao amadurecimento do projeto do trem-bala,
orçado em R$ 35 bilhões, e à
aceleração nas concessões de
rodovias, principalmente no
Estado de São Paulo.
A mão do Estado
Segundo os economistas
Fernando Pimentel Puga e Gilberto Rodrigues Borca Junior,
responsáveis pelo estudo, a solidez dos investimentos em
energia e infraestrutura pode
ser explicada pela forma como
o governo tem atuado. "Grande
parte dos projetos mapeados
está relacionada a metas fixadas por meio de leilões, concessões e autorizações ao setor
privado para exploração de serviços públicos."
Já nos setores exportadores,
os efeitos da crise continuam
reduzindo a disposição de investir. No setor extrativo mineral (dominado pela Vale), os
planos efetivos de investimentos para 2009/2012 mantiveram-se em queda até agosto
passado, segundo o estudo.
Eles partiram de R$ 72 bilhões antes da crise, atingiram
R$ 52 bilhões em dezembro e
caíram ainda mais em agosto
passado, para R$ 46 bilhões
-redução de R$ 26 bilhões.
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