São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Estrangeiro e IPO alimentam alta da Bolsa

Após crise, nova onda de abertura de capitais deve movimentar Bovespa e trazer mais dólares, valorizando o real

Nova onda de lançamento de ações deve ser liderada pelo banco Santander, que pode captar de R$ 7 bilhões a R$ 9 bilhões já em outubro

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos fatores fundamentais para a Bovespa se manter em rota de alta é o apetite do investidor estrangeiro por novas e antigas ações de empresas brasileiras. Categoria que mais negocia na Bolsa local, os estrangeiros têm força para mexer com o mercado, tanto para cima como para baixo.
Os estrangeiros são peça-chave na retomada dos IPOs (oferta inicial de ações) e das ofertas de papéis já existentes, congelados durante o período da crise internacional. Em 2007, quando 64 novas companhias estrearam na Bolsa, os estrangeiros ficaram com cerca de 70% dos papéis ofertados.
No forno, estão as aberturas de capital da empresa de tecnologia Tivit, da financeira Brazilian Finance & Real State, da Direcional Engenharia e da Cetip, que faz o registro de títulos privados. A expectativa é que essas empresas consigam captar entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, dependendo do apetite dos investidores.
A maior operação, no entanto, é a do banco Santander, que já tem ações negociadas na Bolsa, mas sem liquidez. A previsão do mercado é que o banco levante entre R$ 7,1 bilhões e R$ 9 bilhões ainda em outubro.
Também deve captar nos EUA o braço internacional da brasileira JBS-Friboi, nova líder mundial em carnes, que anunciou na semana passada a incorporação da Bertin e da americana Pilgrim's Pride. Em junho, a processadora de cartões VisaNet reabriu o mercado de IPO com captação de R$ 8,4 bilhões na Bolsa, sendo 57% adquirido por estrangeiros.
A volta das ofertas de ações já mexe até com o mercado de câmbio, segundo analistas. Esse seria um dos motivos da recente queda da moeda americana, que encerrou a última sexta-feira em R$ 1,809.
"O clima é quase de euforia por conta da retomada das captações externas e das ofertas de ações, que alimentam a expectativa de ingressos de recursos externos no país e reforça a tendência de baixa do dólar", disse Miriam Tavares, diretora da corretora de câmbio AGK.

Estrangeiros
Muito da alta da Bolsa neste ano se deve aos estrangeiros, que trouxeram líquidos R$ 14,65 bilhões para o mercado acionário local -a maior entrada registrada em um ano. No ano passado, o que ocorreu foi exatamente o inverso.
O agravamento da crise econômica internacional fez o capital externo fugir da Bovespa, tendo havido saída líquida de R$ 24,6 bilhões em 2008. Esse movimento foi decisivo para a Bolsa sofrer desvalorização de 41,22% no ano passado -a maior queda desde 1972.
Para o fluxo de capital externo se manter para o mercado local, é importante que a economia internacional continue dando sinais de que a recessão está ficando para trás.
A manutenção dos juros em níveis baixos nas principais economias do mundo é outro fator relevante. Isso porque, se países como os Estados Unidos e a Inglaterra começarem a subir seus juros, poderão atrair grandes investidores que neste momento estão alocados nos mercados de ações, aceitando mais riscos na tentativa de lucrarem mais.
"O comportamento da Bolsa é compatível com os indicadores econômicos que têm sido divulgados. Mas daqui para o fim do ano devemos ter algumas correções mais acentuadas. De qualquer forma, pensar na Bovespa em 65 mil pontos neste ano é algo factível", avalia Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
(FABRICIO VIEIRA E TONI SCIARRETTA)


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