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Argentina restringe
compra de geladeira
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, afirmou
ontem que a Argentina vai restringir as importações de geladeiras do México e do Chile.
A medida será tomada a pedido
do governo brasileiro, após verificar que as barreiras colocadas
contra os produtos nacionais pelos argentinos estavam beneficiando os fabricantes de geladeiras chilenos e mexicanos.
Há cerca de três meses, a Argentina pediu ao Brasil que controlasse suas vendas de geladeiras para
o mercado argentino, sob a alegação de que a indústria brasileira
estava prejudicando a indústria
local.
Após negociações, ficou decidido que o país teria uma cota de 18
mil geladeiras nos meses de agosto, setembro e outubro.
Efeito contrário
Na semana passada, o ministro
das Relações Exteriores, Celso
Amorim, recebeu dados que revelaram que a imposição de cotas ao
Brasil, em vez de beneficiar a indústria Argentina, havia aumentado as importações de produtos
do Chile e do México.
"Se houver desvio de comércio,
romperemos o acordo e inundaremos o mercado argentino",
ameaçou Márcio Fortes, secretário-geral do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior.
"A base do acordo [entre Brasil
e Argentina] é a de que não pode
haver desvio de comércio", disse
Fortes, para justificar a ameaça.
Ontem, no entanto, Ramalho
disse ter conversado com autoridades argentinas e afirmou que o
problema estava resolvido. "Isso
aconteceu no passado recente.
Não vai acontecer mais", afirmou
o secretário.
Discussão
Na próxima semana, empresários dos dois países irão se reunir
para discutir as cotas de exportação do Brasil para os próximos
meses. O governo participará da
reunião.
Conforme a Folha publicou ontem, os fabricantes brasileiros de
lavadoras de roupa decidiram
cortar suas linhas de produção
em razão das medidas protecionistas adotadas pela Argentina.
No total, as exportações brasileiras (incluindo ainda fogões e
geladeiras) representam cerca de
26% das vendas externas desses
produtos.
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