São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Empresário já prevê queda nas vendas

Cerca de 67% dos empresários já esperam desaceleração da economia, contração nas vendas e admitem reduzir suas projeções de crescimento diante da crise global. Os dados são de pesquisa da auditoria RCS Brasil, que ouviu 250 pequenos e médios empresários entre os dias 13 e 15 deste mês.
Segundo a pesquisa, apenas 39% dos entrevistados acreditam que sairão da crise imunes. Eles citaram diversas ações que planejam para reagir à turbulência e minimizar as perdas. Cerca de 25% afirmaram que reduzirão custos fixos, inclusive com pessoal. Outros 15% pretendem cortar gastos, mas não com salários.
O aperto do crédito também trará prejuízos aos empresários. Sem acesso a financiamentos, 43% deles vão rever os planos de expansão para 2009 e 11% tentarão alongar prazos com fornecedores e renegociar compromissos. Outros 8% admitem atraso no pagamento do 13º salário dos funcionários.
Para o presidente da RCS, Raul Corrêa da Silva, os pequenos e os médios empresários sentirão de forma diferente das grandes empresas os impactos da crise. "As grandes corporações sofrem antes, porque dependem mais de crédito e trabalham com escalas maiores."
Independentemente do porte da empresa, os reflexos da crise podem ser minimizados se os recursos disponíveis com o desconto nos compulsórios chegarem a empresários e consumidores, afirma o presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato.
"O Banco Central tem tomado medidas para irrigar a economia real com recursos para que as linhas de crédito voltem. Mas os bancos estão com medo de emprestar às empresas e estão aplicando em títulos", afirma Barbato.

LADEIRA
Os preços dos imóveis de Manhattan, que ainda não tinham sido atingidos pelas turbulências financeiras, começaram a despencar, e se juntam ao resto dos já combalidos imóveis norte-americanos; a média de preços na ilha caiu 11,3% no último trimestre, ante o período anterior, segundo o "Financial Times"; corretores já prevêem novas quedas

PRA LÁ E PRA CÁ
Armínio Fraga (ex-BC) acha que é mesmo papel do governo tentar amortecer os impactos da crise com políticas anticíclicas. Diz, no entanto, que não dá para fazer milagres. "Não é possível andar na mesma velocidade com vento a favor e vento contra." Em algum momento, essa política pode provocar algum desgaste: ou na balança de pagamentos ou na inflação ou nas duas coisas. Sobre a reunião do Copom da próxima semana, prefere não se manifestar.

INSEGURO
As seguradoras estão discutindo os efeitos da crise no setor. Leoncio de Arruda, do Sincor-SP (sindicato do setor), teme que a escassez de crédito afete as seguradoras. "O setor de seguros segue a economia", diz. As maiores preocupações são a desaceleração das vendas de veículos, que respondem por 30% dos negócios, e das exportações. "Toda a economia para a exportação tem crédito atrelado a seguro."

CARGA PESADA
O segmento de transporte de cargas superpesadas no Brasil pode ter de fazer revisões de cronogramas de obras, "em um futuro próximo", segundo Lupercio Torres Neto, presidente da Irga, líder no segmento na América Latina. "O setor por enquanto está estável, mas, com alta de juros e dificuldade de financiar equipamentos, é possível que ocorram cancelamentos de projetos e suspensão de fabricação."

VOU DE TÁXI
Lewis Hamilton vai trocar o "cockpit" de sua McLaren por um táxi na noite de 30 de outubro, em São Paulo, nas vésperas do GP Brasil. Hamilton vai participar do Movimento Piloto da Vez, da Johnnie Walker. Segundo pesquisa feita pelo projeto, o número de brasileiros que acreditam que os motoristas do país ingerem bebidas alcoólicas antes de dirigir caiu de 90% em 2007, para 76% em 2008. Para Hamilton, apesar da queda, os números ainda são assustadores.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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