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Lula quer preservar áreas que geram mais empregos
Planalto priorizará recursos para setores como construção civil e agricultura
Avaliação da Fazenda é que ápice da crise poderá ocorrer no segundo semestre de 2009, em um momento político delicado para Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a equipe econômica
iniciaram discussões ontem em
São Paulo para tentar preservar
em 2009 os setores que geram
mais empregos. A avaliação levada ao presidente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, é que a crise na economia
real no Brasil deverá ter seu pico no segundo semestre do ano
que vem.
Ou seja, aconteceria num
momento político do mandato
de Lula no qual o presidente
não deseja ver abalos na popularidade. Lula quer terminar o
seu mandato em 2010 com cacife político para tentar embalar a eventual candidatura presidencial da ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff. Uma crise na economia real no final de
2009, com eventual onda de
desemprego, poderia se alongar para 2010, o último ano do
petista no poder.
Segundo a Folha apurou, a
avaliação amadurecida na Fazenda é a seguinte: o crescimento de 2008 está garantido,
o primeiro semestre de 2009
ainda se beneficiará do embalo
do crescimento deste ano e o
segundo semestre do ano que
vem poderá ser o pior momento para a economia real no Brasil se o governo não adotar medidas preventivas.
Daí o discurso de Lula de
preservar a construção civil e a
agricultura, bem como dar crédito para manter o mercado interno em movimento. Houve
uma inflexão na forma como a
cúpula do governo enxerga os
eventuais efeitos da atual crise
econômica internacional. Publicamente, está mantida a linha otimista, aquela que fala
que o Brasil será mais preservado. Internamente, a ordem
do presidente é segurar o crescimento do ano que vem.
Quando indagados, ministros não gostam de escolher
qual será a prioridade: manter
um duro controle sobre a inflação ou estimular o crescimento
da economia. Afirmam que as
duas ações não são excludentes, porque a inflação corrói o
poder de compra do cidadão, e
os brasileiros não compram
mais se não houver expansão
econômica.
No entanto, a prioridade de
Lula é assegurar o crescimento.
O presidente vai adotar medidas para tentar sustentar um
crescimento, no próximo ano,
de 4% do PIB (Produto Interno
Bruto). Ministros dizem reservadamente que algo acima de
3,5% já seria suficiente para
passar um momento de crise
sem sufoco.
O governo já adotou medidas
pontuais para a falta de liquidez deste momento no sistema
financeiro nacional. Agora, seria a vez de programar medidas
de crédito para setores que empregam bastante. Na avaliação
da equipe econômica, a agricultura poderá se transformar numa espécie de âncora para o
Brasil atravessar 2009. Por isso, Lula está preocupado em liberar crédito para a safra agrícola do ano que vem.
Na construção civil, já chegaram ao governo sinais de
que as grandes empresas poderão interromper os projetos
previstos para o segundo semestre do ano que vem. Contratos do setor já prevêem entregas neste final de ano e no
início do próximo. Como investimentos do setor são feitos
antecipadamente, Lula deseja
uma ação forte dos bancos oficiais, sobretudo da Caixa Econômica Federal, para garantir
agora os projetos do ano que
vem.
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