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Inflação é centro de atenções, diz Meirelles
DA REPORTAGEM LOCAL
A uma semana da penúltima
reunião do Copom de 2008, o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, afirmou
que a meta de inflação segue no
centro das preocupações, apesar da pressão por uma parada
no ciclo de elevações da taxa
básica Selic por causa da crise.
"Engana-se quem vê nas medidas adotadas pelo Banco
Central uma mudança na sua
estratégia de atuação", disse o
presidente do BC. "Temos um
compromisso é com o regime
de metas de inflação. É importante que isso esteja bem claro
para a sociedade."
Devido à piora da crise internacional, que levou bancos centrais como o dos EUA e o europeu a reduzirem seus juros,
muitos analistas passaram a
avaliar como possível que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) mantivesse a taxa
Selic inalterada em 13,75%
anuais em seu próximo encontro. Mesmo pessoas dentro do
governo defendem a interrupção do ciclo atual de alta dos juros, iniciado em abril.
"As decisões do Copom continuarão a serem condicionadas pelas nossas projeções para
a inflação e o balanço de riscos
associados a essas projeções e
levarão em conta todos os desenvolvimentos recentes dos
mercado", afirmou Meirelles.
Presente à cerimônia de posse da nova diretoria da Anbid,
Meirelles afirmou também que
o governo tem hoje um arsenal
para prover liquidez de forma
adequada ao sistema por ter
acumulado antes um expressivo volume de reservas.
"Nossa tão criticada acumulação de reservas, sem prejuízo
da necessária flexibilidade
cambial, mostra-se hoje providencial", disse ele.
Certa tranqüilidade
O diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini,
disse ontem que o conjunto de
regras do país fortaleceu o sistema financeiro nacional e
"tem ajudado o Brasil a transitar com uma certa tranqüilidade nesse período de grande turbulência internacional".
Entre as vantagens do modelo brasileiro, o diretor citou a
menor alavancagem, o baixo
nível de operações com derivativos de crédito (foco inicial da
crise nos EUA) e a diversificação das fontes de financiamento. Segundo Tombini, operações de securitização de crédito
(como os papéis de hipotecas)
representam apenas 2% do volume total de crédito em circulação no país, que deve chegar a
40% do PIB ao final deste ano.
Para ele, alguns bancos não
administraram adequadamente suas carteiras de crédito -e
se expuseram muito ao risco-,
o que desembocou na crise do
"subprime". "A recente turbulência econômica externa demonstra que práticas inadequadas na gestão das carteiras
de crédito tiveram papel decisivo para o aprofundamento das
perdas por eventos de crédito
em algumas das maiores e mais
complexas instituições financeiras do mundo."
Ao comparar o sistema brasileiro com o de outros países,
Tombini ressaltou ainda menor dependência de captação
de recursos de grandes investidores do mercado de capitais
-os primeiros a saírem em
tempos de crise.
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