São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Inflação é centro de atenções, diz Meirelles

DA REPORTAGEM LOCAL

A uma semana da penúltima reunião do Copom de 2008, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a meta de inflação segue no centro das preocupações, apesar da pressão por uma parada no ciclo de elevações da taxa básica Selic por causa da crise.
"Engana-se quem vê nas medidas adotadas pelo Banco Central uma mudança na sua estratégia de atuação", disse o presidente do BC. "Temos um compromisso é com o regime de metas de inflação. É importante que isso esteja bem claro para a sociedade."
Devido à piora da crise internacional, que levou bancos centrais como o dos EUA e o europeu a reduzirem seus juros, muitos analistas passaram a avaliar como possível que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) mantivesse a taxa Selic inalterada em 13,75% anuais em seu próximo encontro. Mesmo pessoas dentro do governo defendem a interrupção do ciclo atual de alta dos juros, iniciado em abril.
"As decisões do Copom continuarão a serem condicionadas pelas nossas projeções para a inflação e o balanço de riscos associados a essas projeções e levarão em conta todos os desenvolvimentos recentes dos mercado", afirmou Meirelles.
Presente à cerimônia de posse da nova diretoria da Anbid, Meirelles afirmou também que o governo tem hoje um arsenal para prover liquidez de forma adequada ao sistema por ter acumulado antes um expressivo volume de reservas.
"Nossa tão criticada acumulação de reservas, sem prejuízo da necessária flexibilidade cambial, mostra-se hoje providencial", disse ele.

Certa tranqüilidade
O diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini, disse ontem que o conjunto de regras do país fortaleceu o sistema financeiro nacional e "tem ajudado o Brasil a transitar com uma certa tranqüilidade nesse período de grande turbulência internacional".
Entre as vantagens do modelo brasileiro, o diretor citou a menor alavancagem, o baixo nível de operações com derivativos de crédito (foco inicial da crise nos EUA) e a diversificação das fontes de financiamento. Segundo Tombini, operações de securitização de crédito (como os papéis de hipotecas) representam apenas 2% do volume total de crédito em circulação no país, que deve chegar a 40% do PIB ao final deste ano.
Para ele, alguns bancos não administraram adequadamente suas carteiras de crédito -e se expuseram muito ao risco-, o que desembocou na crise do "subprime". "A recente turbulência econômica externa demonstra que práticas inadequadas na gestão das carteiras de crédito tiveram papel decisivo para o aprofundamento das perdas por eventos de crédito em algumas das maiores e mais complexas instituições financeiras do mundo."
Ao comparar o sistema brasileiro com o de outros países, Tombini ressaltou ainda menor dependência de captação de recursos de grandes investidores do mercado de capitais -os primeiros a saírem em tempos de crise.


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