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Começam demissões na cadeia automotiva
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os efeitos da crise de crédito
começam a afetar o emprego na
indústria de autopeças. O Sindicato dos Metalúrgicos de
Campinas, entidade que representa 40 mil operários, informou ontem que aproximadamente 110 trabalhadores foram
demitidos e outros 473 foram
colocados em férias coletivas.
Os metalúrgicos já consideram o movimento uma inversão de tendência e temem o início do processo de demissão em
massa. "O governo tenta passar
uma imagem, mas o que se vê é
que a crise começa afetar a indústria. A preocupação do sindicato é o que poderá ocorrer
quando os trabalhadores retornarem das férias", disse Jair
dos Santos, presidente do sindicato.
As primeiras demissões
ocorreram na Click Automotiva e na Robert Bosch, a maior
indústria de autopeças da região de Campinas, no interior
de São Paulo. Em nota, a Click
confirmou a dispensa de 30 trabalhadores e a decisão de conceder férias coletivas a um contingente de 73 empregados pelos próximos 15 dias. O período
de férias foi iniciado ontem e
atingiu apenas alguns linhas de
produção da empresa. "Todas
as decisões tomadas durante o
período de setembro e outubro
são um reflexo da crise econômica", justificou a empresa.
O sindicato informou também que a Robert Bosch, além
de ter dado férias coletivas para
200, demitiu 80 trabalhadores
nas últimas semanas. Procurada, a Bosch não se pronunciou.
Outra empresa importante
na região de Campinas, a Benteler confirmou que 200 trabalhadores foram colocados em
férias coletivas até o próximo
dia 30. Segundo o diretor de recursos humanos, Antônio Stettener, a decisão foi tomada depois do anúncio de parada da
General Motors. A linha parada
desde ontem fornece peças para veículos GM.
Não há previsão de demissão
na Benteler, por enquanto.
Stettener informou que a empresa aguardará o retorno da
GM para "fazer melhor análise"
da situação.
Indústrias como a Sifco,
Magneti Marelli, Eaton,
TMD/Cobreq e Valeo negaram
que tenham recorrido a férias
coletivas neste momento. A Valeo confirma que registrou redução de pedidos para a produção das linhas em Campinas.
Em nota, a empresa informa,
no entanto, que acelerou o processo de concessão de férias regulares. "Estamos colocando
em férias regulares o máximo
de pessoas, de forma a minimizar impactos dos cortes de programa das montadoras de automóveis."
Até setembro, o Sindipeças
não havia apurado queda no nível de emprego no setor.
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