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Mão-de-obra mais cara e leis trabalhistas pioram crise no país
DE PEQUIM
A Feira de Cantão, que leva o
antigo nome da cidade de
Guangzhou, é o maior evento
da indústria exportadora chinesa. Mais de 23 mil empresas
mostram seus produtos para
compradores do mundo inteiro, de móveis e calçados a eletrodomésticos e celulares.
Pela primeira vez em anos, o
número de compradores europeus e americanos presentes
caiu consideravelmente, como
reflexo da recessão nos países
desenvolvidos, maiores compradores da China.
Ainda que o gigante asiático
tenha exportado US$ 666 bilhões no primeiro semestre,
21,9% a mais que no ano passado, o número mascara a inflação chinesa e a apreciação do
yuan frente ao dólar. Com essas
correções, o volume exportador caiu 0,5%. Deve cair mais
em 2009, quando, em valores
absolutos, deve crescer até 5%.
Cerca de 10 mil fábricas fecharam as portas no último ano
- entre elas, 3.361 fábricas de
brinquedos. Outras 15 mil fábricas podem seguir o mesmo
caminho até janeiro, segundo
estimativa da Federação de Indústrias de Hong Kong.
"A indústria exportadora já
vinha perdendo sua competitividade há anos, mas agora piorou", disse à Folha a americana
Alexandra Harney, ex-correspondente do diário Financial
Times em Hong Kong.
Além do custo de matérias
primas, fretes e da apreciação
da moeda chinesa frente ao dólar, a mão de obra chinesa se
encareceu. Há 10 anos, o funcionário de linha de montagem
ganhava US$ 50 dólares mensais. Hoje ganha US$ 150.
"É uma mudança de geração.
Há vinte anos, milhões de garotas migravam para o Sul, para
trabalhar de domingo a domingo por 14 horas diárias, ganhando US$ 50. Com a política
do filho único, há menos garotas nessa situação", diz. Avós e
pais se tornaram mais zelosos
com o único herdeiro. Menos
gente imigra para Guangdong e
os salários aumentaram.
Lei trabalhista
No início do ano, entrou em
vigor uma nova lei trabalhista
na China que regulamenta o
pagamento de horas extras e finais de semana, o que reforçou
a nova tendência.
Na semana passada, uma fábrica de brinquedos com 6.500
funcionários fechou. É a quarta
a fechar em uma semana.
"Se piorar, terei que voltar
para minha casa em Henan [interior da China]. Não posso voltar para lá pobre e derrotado",
disse Song Xiaoguan, 25, operário da fábrica falida.
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