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Magalhães Pinto e Unibanco fazem acerto sobre Nacional
Após disputa de 10 anos, famílias controladoras se unem para acelerar liquidação
Maior obstáculo é resistência do BC a qualquer solução que implique devolução de dinheiro aos donos do Nacional
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de dez anos como inimigos declarados e de disputas
na Justiça, as famílias controladoras do Unibanco (Moreira
Salles) e do antigo Nacional
(Magalhães Pinto) resolveram
se unir para tentar encerrar a
liquidação do que restou do
banco Nacional. Um protocolo
de entendimento assinado em
julho foi o primeiro passo. Agora, preparam em conjunto uma
proposta ao Banco Central.
Com o acerto entre as famílias, os Magalhães Pinto retiraram a ação questionando o processo e o valor de venda do Nacional ao Unibanco e pediam
mais de R$ 4 bilhões de indenização. Mas ainda restam obstáculos para um acordo final.
O principal deles é a resistência do BC -que também constava como réu na ação movida
pelos Magalhães Pinto- a
qualquer proposta que implique devolução de dinheiro aos
donos da Nacional. Isso passa
pelo índice de correção das dívidas da massa falida.
O BC não aceita que seja aplicada só a variação da TR (Taxa
Referencial), como nas falências, para corrigir o saldo. Alega
que o crédito -no caso, o empréstimo concedido pelo BC no
âmbito do programa de socorro
aos bancos com problemas de
caixa (Proer)- tinha garantias.
Nessa situação, a lei permite a
cobrança dos juros do contrato,
até o limite das garantias.
Por isso, segundo a Folha
apurou, a diretoria do BC rejeitou uma proposta apresentada,
por conta própria em janeiro
deste ano, pelo Unibanco. A
instituição, que comprou a parte boa do Nacional e manteve a
clientela do banco após a intervenção do BC em novembro de
1995, é também contratada pelo liquidante para prestar serviços de cobrança para a massa
e tem créditos a receber.
A divergência em torno do
índice de correção gera uma diferença de cerca de R$ 5,5 bilhões no valor devido. Nos cálculos do BC, a dívida é de R$ 19
bilhões. Para o ex-controladores e os atuais administradores,
de R$ 13,5 bilhões.
No acordo firmado em julho,
a família Magalhães Pinto se
comprometeu a retirar as
ações em que pede ressarcimentos ao Nacional. Esse era
um ponto fundamental justamente porque o BC, por ter sido avalista da operação de
compra dos ativos do Nacional
pelo Unibanco, também era
questionado. Em contrapartida, a família Moreira Salles se
comprometeu a apresentar
uma proposta ao BC que será
formulada em conjunto.
As vantagens nesse caso são
a influência do grupo Unibanco-onde trabalham atualmente boa parte das pessoas que, na
época da falência do Nacional,
estavam no governo e acompanharam, direta ou indiretamente, todo negociação de
venda- e o fato de o Unibanco
poder ser o administrador do
que sobrar após a liquidação.
Mesmo se a liquidação extrajudicial for suspensa, na prática, ainda restarão créditos,
bens, dívidas menores a pagar e
a receber que serão quitadas na
chamada liquidação ordinária.
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