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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Braskem vai adiar 30% do investimento previsto para 2009
A Braskem, a maior companhia petroquímica da América
Latina, decidiu adiar 30% dos
investimentos programados
para 2009. A empresa planejava investir R$ 1,3 bilhão no ano
que vem, mas, em razão da crise, tomou a decisão de suspender R$ 300 milhões até o mercado se recuperar.
A informação é do presidente
da companhia, Bernardo Gradin, ao comentar os efeitos da
crise econômica. Na semana
passada, a empresa divulgou o
balanço referente ao terceiro
trimestre deste ano. A companhia registrou um prejuízo de
R$ 849 milhões em decorrência do impacto da valorização
do dólar: 72% do endividamento da Braskem está atrelado à
moeda norte-americana.
Além de adiar investimentos,
a Braskem também pisou no
freio no ritmo da produção. A
empresa reduziu em 20% a
produção neste mês para se
adequar à retração da demanda
por produtos petroquímicos
em outubro e novembro. Em
dezembro, a empresa dará férias compulsórias a todos os
funcionários, o que sempre
ocorre tradicionalmente no último mês do ano.
De acordo com Gradin, a crise atingiu a empresa fortemente nas exportações. A Braskem
exporta cerca de 25% do que
produz. A empresa deixou de
exportar mais da metade desse
montante, principalmente para a Ásia, que foi a primeira a
cancelar os pedidos de compras. A companhia calcula ter
deixado de vender US$ 400 milhões ao exterior nos últimos
dois meses.
Já o mercado interno, segundo Gradin, continua aquecido,
exceto para alguns poucos setores, que começam a mostrar sinais de desaquecimento. Entre
eles, o automobilístico. Já o setor de embalagens de comida,
por exemplo, se manteve no
mesmo ritmo.
Para Gradin, o mercado doméstico não foi abalado por
dois motivos. Em primeiro lugar, por não ter ocorrido ainda
no Brasil uma queda muito
grande no consumo. Além disso, já se observa um processo de
substituição de importações no
país para compensar a valorização do dólar.
Apesar de todo esse cenário,
e das incertezas a respeito do
primeiro trimestre do ano que
vem, Gradin afirma que está
otimista. O que o deixa animado são o fato de o mercado interno continuar aquecido e o
movimento de substituição de
importações.
O que o assusta, no entanto, é
a velocidade desta crise. "Tudo
acontece muito rápido."
NO BRASIL
Larry Summers, ex-secretário de Tesouro de Bill
Clinton e um dos cotados
para ser o próximo secretário do Tesouro dos EUA, deve vir ao Brasil em dezembro. Summers se reúne entre os dias 3 e 5, no Rio, com
nomes como Vicente Foz,
ex-presidente do México,
Isabel Aguilera, presidente
da GE na Espanha e em Portugal e Joseph Stiglitz, Nobel de economia, em reunião
da Waipa (Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos).
CARTEIRA ASSINADA
EMPREGO FORMAL SÓ SUPERARÁ INFORMAL EM 2015, DIZ FIRJAN
O percentual de trabalhadores informais e desempregados
só será menor que o de formalizados em 2015, quando será
de 49,6% da PEA (População Economicamente Ativa). As informações são do Sistema Firjan, com base nos dados da
Pnad 2007. Hoje, apenas 42% da PEA tem registro formal.
"A rigidez da lei trabalhista, que visa proteger o trabalhador,
também é um entrave para a formalização", diz Luciana de
Sá, diretora da Firjan. A pesquisa, no entanto, não ajusta as
projeções de emprego para a conjuntura de crise econômica.
REFLEXOS
O escritório Gantus
Advogados, que atua na
área trabalhista empresarial, registrou crescimento na demanda de
clientes à procura de
assessoria para planejar demissões, após o
aprofundamento da
crise global. "As empresas estão reduzindo
drasticamente seus
quadros funcionais",
afirma Guilherme Gantus, sócio do escritório.
A busca pelo serviço de
planejamento de rescisões foi maior por parte
de empresas que prestam serviços a bancos.
De acordo com Gantus,
estas companhias estão
preparando cortes de
cerca de 25% em suas
folhas de pagamento.
Uma de suas clientes,
que possui 800 funcionários, prevê demissões na casa das 200 vagas. Uma outra, que
oferece mão-de-obra
para bancos com serviços como manutenção,
limpeza e vigilância, deve cortar até 20%. A demissões devem começar a ocorrer a partir de
janeiro, segundo Gantus. "Como a crise estourou perto do final do
ano, algumas empresas
conseguirão fechar
2008 com seus funcionários e promover as
demissões só no início
de 2009. Mas o aviso já
vem neste ano."
VELÓRIO
Um dia antes de anunciar
os resultados do Caged (Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados), que mede a criação de vagas com
carteira assinada no país, o
clima era de velório na sala
do ministro do Trabalho,
Carlos Lupi, em Brasília. Em
reunião com seis centrais
sindicais, o ambiente foi ficando cada vez mais pesado
quando os sindicalistas começaram a informar sobre
as demissões e as férias coletivas que já acontecem em
empresas de todo o Brasil.
GARANTIA
Welber Barral, secretário
de Comércio Exterior, tem
se reunido com representantes de bancos, como Banco do Brasil e Bradesco, para
saber das condições de crédito aos exportadores. Segundo ele, a informação que
recebeu do sistema financeiro é que as ações do BC para
dar liquidez à economia garantem crédito para a exportação até o fim do ano. Para
2009, não há previsão.
LIGA GAÚCHA
O setor de autopeças já começou a se concentrar. A
Borrachas Vipal, fabricante
de produtos para reparo de
pneus, adquiriu 49% de participação na também gaúcha
Duroline, fabricante de lona
e pastilhas de freio. A parceria permitirá à Vipal a atuação em um segmento complementar a sua atividade.
ÀS COMPRAS
Ivan Zurita, presidente da
Nestlé está analisando quatro empresas do segmento
de alimentos para adquirir
ainda este ano. Zurita disse
isso a João Dória no programa "Show Business", que vai
ao ar no final de semana.
Executivos não querem restrição aos bônus, afirma pesquisa
Na opinião de executivos do
mundo todo, os bônus e as remunerações não deveriam sofrer restrições, mesmo após a
crise, que tem ameaçado a cultura dos bônus estratosféricos.
A conclusão é de pesquisa do
escritório Allen & Overy. Foram abordados mais de 700 homens de negócios de 4 a 6 de
novembro para conhecer suas
opiniões sobre a atual regulamentação do mercado -alguns
deles estiveram na reunião do
G20 no último fim de semana.
Cerca de 57% discordam de
que os bônus devam ser restringidos. Entre executivos do
Reino Unido, 73% discordam
da adoção de mudanças para
reduzir os benefícios.
Cerca de 60%, também acha
que devia haver um padrão global para a regulação de liquidez.
Segundo Bob Kartheiser, diretor do grupo na América Latina, algumas regiões pesquisadas têm diferenças de opiniões
devido às variações culturais.
"Certas regiões requerem mais
freios no capitalismo." Há um
consenso geral de que devia ser
criada uma convenção global
para tratar de insolvência internacional -o modelo seriam
diretrizes da União Européia.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CLÁUDIA ROLLI
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