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Analistas vêem preço alto na compra da Nossa Caixa
Banco estadual teve majoração de 2,37 vezes seu valor patrimonial, de R$ 3,18 bi
Ação da Nossa Caixa tende a
atrair o investidor no pregão
de hoje; valor pago pelo BB
por ação ficou 37,7% acima
da cotação de quarta-feira
DA REPORTAGEM LOCAL
Último banco de porte disponível para aquisições, a paulista
Nossa Caixa foi vendida com
um prêmio considerado elevado, especialmente no atual momento de crise nos mercados,
segundo analistas de bancos.
Avaliado em R$ 7,56 bilhões, o
banco estadual teve uma majoração de 2,37 vezes o seu valor
patrimonial de R$ 3,183 bilhões, posição no final do terceiro trimestre.
Na fusão com o Itaú, o próprio Unibanco entrou com um
múltiplo menor -de cerca de
2,24 vezes o seu patrimônio líquido de R$ 12,919 bilhões em
setembro. Só o Real foi comprado pelo Santander por quase três vezes o seu valor patrimonial, mas o negócio foi fechado em outubro de 2007,
época de alta liquidez internacional e euforia com o crescimento do crédito brasileiro.
Para João Augusto Salles,
analista da Lopes Filho, o negócio com o Unibanco criou uma
espécie de "benchmark" para a
venda da Nossa Caixa.
O analista da Austin Ratings
Luis Miguel Santacreu concorda que avaliação da Nossa Caixa foi generosa, mas afirma ter
dificuldade em comparar esse
negócio com a fusão entre Itaú
e Unibanco, em que os controladores ficaram na administração do novo banco.
"Foi uma oportunidade única para o BB, que vai ter o filé
mignon de São Paulo, onde não
tinha uma posição muito forte.
Neste momento atual, esse
múltiplo foi bem interessante
para o governo do Estado. O governo vendeu bem e não vai ter
nenhum questionamento na
Assembléia Legislativa de que
vendeu barato o patrimônio
público", disse.
O presidente do BB, Antonio
Francisco de Lima Neto, justifica o alto prêmio pago pela
Nossa Caixa pela oportunidade
"única" de crescer no Estado de
São Paulo. Ele cita ainda os ganhos potenciais de sinergia, estimados entre R$ 2 bilhões e R$
5 bilhões nos próximos cinco
anos. "Um negócio como esse a
gente não pode avaliar só pelo
momento atual", disse.
O preço de venda do banco
paulista foi avaliado por sete
consultorias independentes,
cada uma com um trabalho específico e de um lado do balcão.
Do lado do BB, o principal trabalho foi feito pela norte-americana Merrill Lynch, que fez a
avaliação geral de preço. Do lado da Nossa Caixa, a avaliação
foi feita pelo JP Morgan e pelo
Goldman Sachs. O Estado de
São Paulo teve os trabalhos do
Citibank e do Fator.
As ações da Nossa Caixa prometem se destacar hoje na Bovespa, devido à grande diferença entre a cotação atual do papel (R$ 51,30) do banco e o preço pago por ação pelo BB no negócio (R$ 70,63). A diferença é
de 37,68%. A operação já vinha
movimentando as ações da
Nossa Caixa, que subiram 105%
desde começo de maio, quando
a operação ganhou relevo.
Os acionistas minoritários do
BB viram vantagens na aquisição da Nossa Caixa. "A Nossa
Caixa tem uma presença forte,
em termos de agências e funcionários, e conhece bem o
mercado paulista, o que pode
ajudar muito o BB a fortalecer a
sua atuação no Estado", diz Isa
Musa de Noronha, vice-presidente da Unamibb (União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil).
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