São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Analistas vêem preço alto na compra da Nossa Caixa

Banco estadual teve majoração de 2,37 vezes seu valor patrimonial, de R$ 3,18 bi

Ação da Nossa Caixa tende a atrair o investidor no pregão de hoje; valor pago pelo BB por ação ficou 37,7% acima da cotação de quarta-feira

DA REPORTAGEM LOCAL

Último banco de porte disponível para aquisições, a paulista Nossa Caixa foi vendida com um prêmio considerado elevado, especialmente no atual momento de crise nos mercados, segundo analistas de bancos. Avaliado em R$ 7,56 bilhões, o banco estadual teve uma majoração de 2,37 vezes o seu valor patrimonial de R$ 3,183 bilhões, posição no final do terceiro trimestre.
Na fusão com o Itaú, o próprio Unibanco entrou com um múltiplo menor -de cerca de 2,24 vezes o seu patrimônio líquido de R$ 12,919 bilhões em setembro. Só o Real foi comprado pelo Santander por quase três vezes o seu valor patrimonial, mas o negócio foi fechado em outubro de 2007, época de alta liquidez internacional e euforia com o crescimento do crédito brasileiro.
Para João Augusto Salles, analista da Lopes Filho, o negócio com o Unibanco criou uma espécie de "benchmark" para a venda da Nossa Caixa.
O analista da Austin Ratings Luis Miguel Santacreu concorda que avaliação da Nossa Caixa foi generosa, mas afirma ter dificuldade em comparar esse negócio com a fusão entre Itaú e Unibanco, em que os controladores ficaram na administração do novo banco.
"Foi uma oportunidade única para o BB, que vai ter o filé mignon de São Paulo, onde não tinha uma posição muito forte. Neste momento atual, esse múltiplo foi bem interessante para o governo do Estado. O governo vendeu bem e não vai ter nenhum questionamento na Assembléia Legislativa de que vendeu barato o patrimônio público", disse.
O presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, justifica o alto prêmio pago pela Nossa Caixa pela oportunidade "única" de crescer no Estado de São Paulo. Ele cita ainda os ganhos potenciais de sinergia, estimados entre R$ 2 bilhões e R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos. "Um negócio como esse a gente não pode avaliar só pelo momento atual", disse.
O preço de venda do banco paulista foi avaliado por sete consultorias independentes, cada uma com um trabalho específico e de um lado do balcão. Do lado do BB, o principal trabalho foi feito pela norte-americana Merrill Lynch, que fez a avaliação geral de preço. Do lado da Nossa Caixa, a avaliação foi feita pelo JP Morgan e pelo Goldman Sachs. O Estado de São Paulo teve os trabalhos do Citibank e do Fator.
As ações da Nossa Caixa prometem se destacar hoje na Bovespa, devido à grande diferença entre a cotação atual do papel (R$ 51,30) do banco e o preço pago por ação pelo BB no negócio (R$ 70,63). A diferença é de 37,68%. A operação já vinha movimentando as ações da Nossa Caixa, que subiram 105% desde começo de maio, quando a operação ganhou relevo.
Os acionistas minoritários do BB viram vantagens na aquisição da Nossa Caixa. "A Nossa Caixa tem uma presença forte, em termos de agências e funcionários, e conhece bem o mercado paulista, o que pode ajudar muito o BB a fortalecer a sua atuação no Estado", diz Isa Musa de Noronha, vice-presidente da Unamibb (União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil).


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