São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUÍS NASSIF

A biografia de Meirelles

Futuro presidente do Banco Central e preocupado com as versões que andaram circulando sobre sua biografia, Henrique Meirelles diz ter ficado "estupefato" com o teor de algumas reportagens veiculadas sobre ele no final de semana, inclusive quanto a aspectos de sua vida profissional, como a notícia de que havia sido necessária a aprovação do G-7 [grupo dos sete países capitalistas mais ricos do planeta" para sua indicação para presidente do BankBoston.
Diz que conversou com jornalistas apenas pelo telefone e em nenhum momento lhe indagaram sobre o tema.
No release distribuído pelo BankBoston, se dizia que Meirelles integra o conselho de oito universidades, dentre as quais algumas das maiores dos Estados Unidos.
Duas delas não confirmavam, a Faculdade de Administração do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Harvard Business School. Mas o currículo oficial, que serviu de base para o release, informa que ele é conselheiro direto do reitor, e a informação pode ser confirmada.
Do mesmo modo, ele não consta como membro do conselho da Harvard Business School, como informava o release. Mas no currículo a informação é a de que é membro do Comitê de Conselheiros da Iniciativa de Políticas Corporativas Globais. E a informação pode ser confirmada.

Trajetória
Sua ascensão no Boston, em 1996, deveu-se a dois fatores. O primeiro era a pouca experiência do banco com mercados emergentes e de capitais. O BankBoston era basicamente um banco de crédito e de atacado.
A segunda foi a aquisição de um banco de varejo da região. O único executivo do banco com experiência de varejo era Meirelles, por sua atuação na filial brasileira.
Meirelles admite que, na fase final do banco, cuidava só da divisão internacional. Mas isso ocorreu apenas depois que decidiu voltar para o Brasil e, daqui, não conseguiria tocar a operação norte-americana do banco.
Ele foi nomeado presidente e COO (chief operating officer) do BankBoston em 1996. Reportavam-se a ele todas as áreas de negócios, mercado de capitais, tesouraria, mesa, marketing, operações e sistemas. Apenas não se reportavam a ele a auditoria legal e a parte financeira, subordinadas ao conselho.
A mudança ocorreu em 1999, quando foi feita a fusão com o Fleet, banco de varejo. Terence Murray foi indicado chairman, e Charles K. Gifford, presidente e CEO (chief executive officer).
Debaixo deles, dois COO, um do Fleet, cuidando do varejo, e Meirelles pelo Boston, cuidando do atacado, mercado de capitais e área internacional, incluindo a função global de moedas, as mesas de Boston, Londres, Cingapura, São Paulo e Buenos Aires.
Meirelles nega que tenha se mudado para Nova York por considerar Boston monótona, embora desse declarações nesse sentido.
A razão da mudança foi o fato do Fleet ter maior presença em Nova York do que o Boston e o novo banco ter decidido manter na cidade um dos executivos sêniores do Boston. Meirelles acabou indo ser o homem, assumindo todas as áreas na cidade, mas sem perder as atribuições anteriores.

Argentina
Meirelles nega que a crise da Argentina tenha sido a razão de sua saída do Boston. A primeira é que o BankBoston da Argentina era dos piores do país, com portfólio saudável. A razão da crise foi a decisão do governo argentino de proceder a um descasamento entre ativos e passivos.
A segunda razão é a de que a decisão de ir para a Argentina não foi dele. O banco existia lá desde 1917, há 30 anos tornou-se um dos maiores do país e sempre ficou nas mãos de um super-executivo que o presidente deste 1972.
A única ampliação recente foi no aumento do número de agências, que envolveu pouco investimento.
Segundo ele, desde 1996, quando se mudou para Boston, havia anunciado sua volta em 2002. Na fusão, assinou termo de compromisso de ficar mais três anos no banco, prazo que venceu no ano passado.
No começo de 2001 comunicou oficialmente ao board do banco sua decisão de se mudar para o Brasil. Como não conseguiria gerenciar a parte doméstica do banco do Brasil, manteve a responsabilidade sobre a divisão internacional, o Global Bank.

E-mail - LNassif@uol.com.br


Texto Anterior: Taxa de outubro fica mais alta para empresas
Próximo Texto: Produção: Consumo das famílias cai em comparação com 2001
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.