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REAL FORTE
Queda nas exportações faz transações correntes terem déficit de US$ 242 mi em novembro; ano tem superávit de US$ 10,4 bi
Contas externas têm 1º déficit desde abril
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma queda nas exportações fez
com que as contas externas do
país fechassem no vermelho pela
primeira vez desde abril, segundo
dados divulgados ontem pelo
Banco Central. Em novembro, a
conta de transações correntes
-saldo da compra e venda de
bens e serviços com o exterior-
teve déficit de US$ 242 milhões.
Apesar do resultado do mês
passado, o saldo acumulado entre
janeiro e novembro permanece
positivo. O superávit do período
ficou em US$ 10,367 bilhões, acima do valor esperado pelo governo. Diante dos números alcançados até agora, o BC elevou de US$
9,2 bilhões para US$ 10,7 bilhões
sua projeção para o saldo em
transações correntes neste ano.
A conta de transações correntes
inclui a balança comercial (exportações menos importações), a balança de serviços (remessas de lucros, pagamento de juros da dívida externa, gastos com viagens internacionais, entre outros itens) e
as transferências unilaterais (dinheiro que brasileiros residentes
no exterior enviam para o Brasil, e
vice-versa).
Trata-se de um dos indicadores
usados para medir a vulnerabilidade externa de um país, pois,
quando há um déficit em transações correntes, é preciso atrair dinheiro no exterior -por meio de
empréstimos ou de investimentos- para manter o equilíbrio
nas contas.
Tradicionalmente, o Brasil registra saldos negativos na sua
conta de transações correntes, devido aos elevados gastos com juros da dívida externa. Desde o ano
passado, porém, o resultado da
balança tem ajudado a manter as
contas no azul.
Como em novembro, com o
real já apreciado em relação ao
dólar, as vendas para o exterior
sofreram uma queda de 7,7% em
relação a outubro, as transações
correntes voltaram a apresentar
déficit. O saldo da balança comercial, no período, caiu de US$ 3,008
bilhões para US$ 2,078 bilhões.
Em compensação, outros fatores provocam uma saída maior de
dólares. As remessas de lucros para o exterior, por exemplo, somaram US$ 962 milhões no mês passado, valor 89% maior do que o
registrado em outubro.
"O desempenho da balança comercial foi um pouco pior do que
nos outros meses", diz o chefe do
Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes. Apesar disso, com
base nos dados parciais deste
mês, Lopes afirma que a conta de
transações correntes deve apresentar um superávit de US$ 300
milhões em dezembro.
"Os resultados estão acima das
expectativas. São surpreendentemente melhores", afirma ele, ao
comentar os números observados
ao longo deste ano.
Confirmadas as projeções do
BC, o superávit em transações
correntes deste ano equivalerá a
1,8% do PIB (Produto Interno
Bruto), contra 0,79% de 2003.
Ao longo dos anos 90, quando a
cotação do dólar era controlada
pelo governo -o que prejudicava
o desempenho da balança comercial-, o país chegou a registrar
déficit em transações correntes de
mais de 5% do PIB.
Para 2005, com a expectativa de
continuidade do crescimento da
economia, o BC projeta um resultado de equilíbrio para as transações correntes -nem déficit,
nem superávit. Isso porque, com
o país crescendo mais, é de se esperar que as importações cresçam
mais do que as exportações.
Ainda de acordo com o Banco
Central, o saldo do comércio exterior ficará em US$ 25 bilhões no
ano que vem, contra os US$ 32,5
bilhões esperados para 2004.
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