São Paulo, terça-feira, 21 de dezembro de 2004

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REAL FORTE

Queda nas exportações faz transações correntes terem déficit de US$ 242 mi em novembro; ano tem superávit de US$ 10,4 bi

Contas externas têm 1º déficit desde abril

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma queda nas exportações fez com que as contas externas do país fechassem no vermelho pela primeira vez desde abril, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Em novembro, a conta de transações correntes -saldo da compra e venda de bens e serviços com o exterior- teve déficit de US$ 242 milhões.
Apesar do resultado do mês passado, o saldo acumulado entre janeiro e novembro permanece positivo. O superávit do período ficou em US$ 10,367 bilhões, acima do valor esperado pelo governo. Diante dos números alcançados até agora, o BC elevou de US$ 9,2 bilhões para US$ 10,7 bilhões sua projeção para o saldo em transações correntes neste ano.
A conta de transações correntes inclui a balança comercial (exportações menos importações), a balança de serviços (remessas de lucros, pagamento de juros da dívida externa, gastos com viagens internacionais, entre outros itens) e as transferências unilaterais (dinheiro que brasileiros residentes no exterior enviam para o Brasil, e vice-versa).
Trata-se de um dos indicadores usados para medir a vulnerabilidade externa de um país, pois, quando há um déficit em transações correntes, é preciso atrair dinheiro no exterior -por meio de empréstimos ou de investimentos- para manter o equilíbrio nas contas.
Tradicionalmente, o Brasil registra saldos negativos na sua conta de transações correntes, devido aos elevados gastos com juros da dívida externa. Desde o ano passado, porém, o resultado da balança tem ajudado a manter as contas no azul.
Como em novembro, com o real já apreciado em relação ao dólar, as vendas para o exterior sofreram uma queda de 7,7% em relação a outubro, as transações correntes voltaram a apresentar déficit. O saldo da balança comercial, no período, caiu de US$ 3,008 bilhões para US$ 2,078 bilhões.
Em compensação, outros fatores provocam uma saída maior de dólares. As remessas de lucros para o exterior, por exemplo, somaram US$ 962 milhões no mês passado, valor 89% maior do que o registrado em outubro.
"O desempenho da balança comercial foi um pouco pior do que nos outros meses", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Apesar disso, com base nos dados parciais deste mês, Lopes afirma que a conta de transações correntes deve apresentar um superávit de US$ 300 milhões em dezembro.
"Os resultados estão acima das expectativas. São surpreendentemente melhores", afirma ele, ao comentar os números observados ao longo deste ano.
Confirmadas as projeções do BC, o superávit em transações correntes deste ano equivalerá a 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 0,79% de 2003.
Ao longo dos anos 90, quando a cotação do dólar era controlada pelo governo -o que prejudicava o desempenho da balança comercial-, o país chegou a registrar déficit em transações correntes de mais de 5% do PIB.
Para 2005, com a expectativa de continuidade do crescimento da economia, o BC projeta um resultado de equilíbrio para as transações correntes -nem déficit, nem superávit. Isso porque, com o país crescendo mais, é de se esperar que as importações cresçam mais do que as exportações.
Ainda de acordo com o Banco Central, o saldo do comércio exterior ficará em US$ 25 bilhões no ano que vem, contra os US$ 32,5 bilhões esperados para 2004.


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