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Governo admite renegociar dívida de produtores rurais
Ministro diz que haverá ajuda nos casos em que dificuldade ficar comprovada
Governo prevê que 2007 será um bom ano para o agronegócio, pelo fim da seca, aumento dos preços externos e câmbio estável
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após dois anos de profunda
crise, o governo prevê que 2007
trará um cenário mais ameno
para o agronegócio. Mas já se
prepara, segundo o ministro
Luis Carlos Guedes Pinto
(Agricultura), para eventualmente abrir a porta para a renegociação de dívidas de lavouras
ou regiões mais afetadas.
"Nos casos em que ficar comprovada a dificuldade dos produtores, certamente o governo
federal vai ajudar. Reconhecemos as crises e atuamos para
minimizar", disse Guedes, para
quem a crise no campo está
acabando.
Dívidas agrícolas já foram renegociadas duas vezes no governo Lula, mas o produtores já
avaliam que terão dificuldades
em pagar os débitos que vencem em 2007.
Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e
Pecuária), as dívidas de custeio
dos produtores somam R$ 7,5
bilhões e a maior parte, R$ 5,8
bilhões, vence no próximo ano.
Fatores positivos
Para Guedes, a seca na região
centro-sul do país, a valorização do real diante do dólar e o
preço das principais commodities exportadas pelo Brasil no
mercado internacional eram os
três principais entraves aos
produtores desde 2005.
Para 2007, esses três fatores
deixarão de existir: a seca, pela
chuva prevista pela meteorologia; os preços, pela recuperação
no mercado internacional; e o
câmbio deverá ficar estável, pela aposta do ministério.
O impacto da crise neste ano
também deve frustrar previsões mais pessimistas, segundo
o ministro. "Muitos analistas
previam uma enorme crise neste ano, com queda de produção
de até 15%, mas ao contrário
dessas expectativas os números mostram que a safra será ligeiramente superior à do ano
passado", afirmou.
Também ajudará os produtores um conjunto de propostas
que o ministério enviará ao
presidente Lula. A principal delas visa ampliar as possibilidades de financiamento com o
uso de títulos recebíveis que
pagariam menos impostos.
Mas isso ainda depende de aval
da equipe econômica e do Palácio do Planalto.
O ministro citou ainda como
positivo o crescimento de exportações de US$ 24 bilhões
em 2002 para uma estimativa
de US$ 49 bilhões neste ano.
Destacou a evolução da balança
comercial da carne bovina. Em
1990 houve déficit de US$ 117
milhões, e a previsão para este
ano é de superávit superior a
US$ 8,6 bilhões.
Fenômeno diferente passou
a lavoura de café, que neste ano
deve exportar aproximadamente os mesmos 25 milhões
de sacas de há quatro anos, mas
com o dobro do valor -de US$
1,5 bilhão para R$ 3 bilhões.
Apesar das queixas dos produtores sobre as dificuldades
de renegociação de dívidas, o
ministro disse ontem que os
agricultores utilizaram de R$
15 bilhões a R$ 16 bilhões dos
R$ 20 bilhões disponíveis neste
ano. A pressão dos produtores
levou à queda de Roberto Rodrigues e à nomeação de Guedes, seu secretário-executivo.
(IURI DANTAS)
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