São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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Governo admite renegociar dívida de produtores rurais

Ministro diz que haverá ajuda nos casos em que dificuldade ficar comprovada

Governo prevê que 2007 será um bom ano para o agronegócio, pelo fim da seca, aumento dos preços externos e câmbio estável


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após dois anos de profunda crise, o governo prevê que 2007 trará um cenário mais ameno para o agronegócio. Mas já se prepara, segundo o ministro Luis Carlos Guedes Pinto (Agricultura), para eventualmente abrir a porta para a renegociação de dívidas de lavouras ou regiões mais afetadas.
"Nos casos em que ficar comprovada a dificuldade dos produtores, certamente o governo federal vai ajudar. Reconhecemos as crises e atuamos para minimizar", disse Guedes, para quem a crise no campo está acabando.
Dívidas agrícolas já foram renegociadas duas vezes no governo Lula, mas o produtores já avaliam que terão dificuldades em pagar os débitos que vencem em 2007.
Segundo a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), as dívidas de custeio dos produtores somam R$ 7,5 bilhões e a maior parte, R$ 5,8 bilhões, vence no próximo ano.

Fatores positivos
Para Guedes, a seca na região centro-sul do país, a valorização do real diante do dólar e o preço das principais commodities exportadas pelo Brasil no mercado internacional eram os três principais entraves aos produtores desde 2005.
Para 2007, esses três fatores deixarão de existir: a seca, pela chuva prevista pela meteorologia; os preços, pela recuperação no mercado internacional; e o câmbio deverá ficar estável, pela aposta do ministério.
O impacto da crise neste ano também deve frustrar previsões mais pessimistas, segundo o ministro. "Muitos analistas previam uma enorme crise neste ano, com queda de produção de até 15%, mas ao contrário dessas expectativas os números mostram que a safra será ligeiramente superior à do ano passado", afirmou.
Também ajudará os produtores um conjunto de propostas que o ministério enviará ao presidente Lula. A principal delas visa ampliar as possibilidades de financiamento com o uso de títulos recebíveis que pagariam menos impostos. Mas isso ainda depende de aval da equipe econômica e do Palácio do Planalto.
O ministro citou ainda como positivo o crescimento de exportações de US$ 24 bilhões em 2002 para uma estimativa de US$ 49 bilhões neste ano. Destacou a evolução da balança comercial da carne bovina. Em 1990 houve déficit de US$ 117 milhões, e a previsão para este ano é de superávit superior a US$ 8,6 bilhões.
Fenômeno diferente passou a lavoura de café, que neste ano deve exportar aproximadamente os mesmos 25 milhões de sacas de há quatro anos, mas com o dobro do valor -de US$ 1,5 bilhão para R$ 3 bilhões.
Apesar das queixas dos produtores sobre as dificuldades de renegociação de dívidas, o ministro disse ontem que os agricultores utilizaram de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões dos R$ 20 bilhões disponíveis neste ano. A pressão dos produtores levou à queda de Roberto Rodrigues e à nomeação de Guedes, seu secretário-executivo.
(IURI DANTAS)


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