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Empresas ameaçam deixar de exportar carne bovina à UE
Setor cogita interromper venda se bloco insistir em limitar em 300 o número de fazendas fornecedoras de gado para abate
Missão de veterinários da Europa deve vir ao Brasil no
final do primeiro trimestre para verificar cumprimento
das exigências sanitárias
MAURO ZAFALON
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
A decisão da União Européia
de restringir as importações de
carne bovina brasileira pode
iniciar uma intensa queda-de-braço entre europeus e a cadeia
produtiva brasileira.
O documento oficial da UE
em nenhum momento estipula
o número de fornecedores de
gado para abate, mas, em comunicado ao Ministério da
Agricultura brasileiro, os europeus teriam sugerido uma limitação a apenas 300 propriedades, vistoriadas e certificadas
pela inspeção oficial. O novo
Sisbov (Serviço Brasileiro de
Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos)
conta com aproximadamente
10 mil fazendas.
Se as 300 propriedades forem realmente o número definitivo da União Européia, a cadeia brasileira de carne resolveu, ontem, que os europeus
vão ser eliminados do quadro
de exportação dos brasileiros.
Essa carne iria para os mercados que o país vem conquistando recentemente.
Na avaliação do setor, essa
interrupção de exportações para a União Européia se faria necessária por dois motivos. O
Ministério da Agricultura deverá apresentar a lista de todas
as fazendas aptas à exportação,
que é bem maior do que esse
número. Segundo, seria difícil
juridicamente definir quais seriam os escolhidos.
Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), defende que o
país adote mais firmeza na negociação. "Se o Brasil tem problema com a rastreabilidade do
rebanho, a Europa também
tem", diz, em relação a uma das
principais queixas da UE.
Primeiro trimestre
Com esse tom, o primeiro trimestre ensaia ser um período
decisivo. Para a virada de março para abril, está prevista nova
vinda de missão técnica da UE
ao Brasil, para uma checagem
do ajuste do país às exigências
sanitárias, incluindo a rastreabilidade. "Apenas nessa época a
situação estará clara", diz Mario Friuli, diretor de commodities da Link Corretora.
Num primeiro momento,
Paulo Mustefaga, assessor técnico da CNA, reconhece como
"plausível" a previsão de recuo
nos embarques para os europeus em 2008.
"O "puxão" de orelha da UE
no Brasil não é definitivo, mas é
preciso entender o consumidor, que deseja que o Brasil audite a produção pecuária de forma transparente", afirma Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira.
"A União Européia vai ter de
pular miúdo para se abastecer",
diz Alcides Torres, diretor da
Scot Consultoria, de Bebedouro (SP). "O europeu não tem alternativa de suprimento", afirma Sérgio de Zen, coordenador
do setor de produção animal do
Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada), da USP.
Para uma importação total
anual da UE estimada de 600
mil a 700 mil toneladas de carne bovina, o Brasil, apenas de
janeiro a novembro deste ano,
embarcou 515 mil toneladas,
segundo informação da Abiec, a
Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne.
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