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Fiesp promete reagir contra reajuste do gás
Entidade afirma que aumento vem na pior hora, quando a desaceleração da produção já provoca demissões na indústria
Para industriais, reajuste é "perfeitamente evitável", pois preço do gás deve cair já em janeiro, considerando a desvalorização do petróleo
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) promete reagir à decisão da
Arsesp (Agência Reguladora de
Saneamento e Energia de São
Paulo) de conceder um reajuste
extraordinário à Comgás no
momento em que a indústria
começa a acusar efeitos da crise
sobre a produção.
Na semana passada, a federação anunciou o corte de 34 mil
empregos na indústria paulista
em novembro, efeito direto da
redução da atividade industrial.
Para Carlos Antônio Cavalcante, diretor de energia da Fiesp,
ouvido pela Folha na última
sexta-feira, antes da confirmação do aumento, o reajuste pode atingir vários setores, como
as indústrias cerâmica, química, têxtil e vidreira e os fabricante de fertilizantes.
A publicação de uma resolução da Arsesp com o reajuste já
havia sido tentada no final de
novembro, mas foi suspensa
depois de uma mobilização da
Fiesp junto a autoridades do
governo de São Paulo, ao governo federal e a executivos da
Petrobras.
Sobe e desce
Segundo a Fiesp, o despacho
com a autorização do aumento
deveria ter sido publicado no
"Diário Oficial" do Estado no
dia 28 de novembro e passaria a
vigorar em 1º de dezembro.
O reajuste não seria pequeno. De acordo com a federação,
o preço do gás natural consumido pelo setor industrial subiria entre 18% e 33%. A variação
dependeria do volume de consumo de cada cliente. Os reajustes também alcançariam o
mercado de GNV (Gás Natural
Veicular), com alta de 40%, e o
consumidor residencial, que
seria obrigado a pagar 10%
mais pelo produto.
"Essa resolução acabou não
sendo publicada, mas a Fiesp
não acha que o risco de um novo reajuste está completamente afastado. Há grandes chances de um anúncio entre o Natal e o Ano Novo", afirmou.
A declaração foi feita antes de
a reportagem ter a confirmação
do reajuste.
A Fiesp deve sustentar que o
reajuste é "perfeitamente evitável". Segundo Carlos Antônio
Cavalcante, o preço do gás boliviano deve registrar um recuo a
partir de janeiro, quando acontece uma revisão trimestral já
prevista em contrato.
O gás boliviano é responsável
por abastecer 75% dos contratos de venda da Comgás. A cada
três meses, o preço do combustível é ajustado conforme a variação de uma cesta de óleos no
mercado internacional, atrelada ao petróleo.
De acordo com a federação
das indústrias, conforme o cálculo de barateamento do petróleo nos últimos meses, o preço
do gás deve baixar de US$ 9 para US$ 7,50 por milhão de
BTUs (medida britânica usada
para medir o poder calorífico
do combustível).
Cavalcante afirma que isso
ocorrerá devido à redução do
preço médio do petróleo no último trimestre de 2008. "O valor médio do barril de petróleo
de julho a setembro foi de US$
135, mas depois caiu para US$
48 entre outubro e dezembro.
Vão dar um aumento agora para depois reduzir adiante,
quando o contrato da Comgás
for reajustado", afirmou.
O diretor da Fiesp criticou a
atitude da Petrobras, que avaliou como "irredutível". Segundo ele, a estatal poderia negociar com a Comgás a redução do
preço do gás natural para a distribuidora e permitir que o
contrato volte a ter equilíbrio
econômico-financeiro sem a
necessidade de reajuste para os
consumidores.
"A Petrobras sabe que o preço do gás boliviano vai cair, então poderia antecipar isso e evitar um repasse para o consumidor de São Paulo", disse.
A reportagem tentou repercutir as declarações com a diretoria de gás e energia da Petrobras, mas não obteve retorno.
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