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Investimento de montadoras terá 1ª queda em seis anos
Em 2010, porém, aporte no setor deve chegar a US$ 3 bi, maior volume da história
Neste ano, investimentos
terão queda de até 24% em
relação a 2008, por conta
do impacto da crise global,
segundo associação do setor
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As montadoras vão encerrar
este ano com a primeira redução no nível de investimentos
desde 2003. Mas essa baixa,
provocada pela crise global, será sucedida por uma retomada
em 2010, com o maior volume
já investido pelo setor no país.
Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores) obtidos pela Folha mostram que os
aportes das montadoras em
2009 vão fechar entre US$ 2,2
bilhões e US$ 2,3 bilhões, um
decréscimo de até 24% em relação a 2008. No ano que vem,
entretanto, o valor chegará a
cerca de US$ 3 bilhões, o maior
em toda a história.
"A crise enxugou os investimentos no primeiro semestre
deste ano. A decisão de voltar a
investir ocorreu no segundo
semestre, em razão da retomada do mercado. E o reflexo disso nós veremos em 2010", afirma o presidente da Anfavea,
Jackson Schneider.
Segundo ele, mesmo que as
empresas não tenham determinado cortes definitivos, parte dos investimentos planejados foi adiada.
"Houve um reposicionamento ao longo do tempo por conta
da desconfiança que a crise
trouxe", afirma.
Mas, recentemente, passada
a fase mais aguda da crise, a indústria automotiva apresentou
planos bilionários para os próximos anos.
A Volkswagen anunciou que
irá investir R$ 6,2 bilhões no
país entre 2010 e 2014. Trata-se do maior aporte da empresa
já realizado no Brasil em reais.
A Ford anunciou plano de investimento de R$ 4 bilhões para o período 2011-2015, também o maior valor investido
pela montadora desde sua chegada ao país, há 90 anos.
A GM (General Motors) já
informou que até 2012 irá investir uma média de R$ 1 bilhão por ano. Na semana retrasada, foi a vez de a Renault
anunciar investimento -R$ 1
bilhão até 2012.
"Sem dúvida, esse é um ciclo
de investimentos muito importante. Estamos falando em cerca de R$ 15 bilhões nos próximos anos. E novos anúncios virão em 2010", diz Schneider.
De acordo com o presidente
da Anfavea, esse montante será
aplicado não só em ampliação
da capacidade produtiva, mas
também em engenharia e desenvolvimento de produtos. A
indústria automotiva trabalha
com a meta de ampliar sua capacidade instalada de 4 milhões de veículos por ano para
5 milhões até 2013.
"Mas não será só isso. O Brasil entrou em uma fase em que
não é mais possível deixar uma
dessas dimensões para trás.
Por isso, o perfil de investimentos desta vez é mais amplo
do que no passado."
Geração de recursos
O Brasil estará nos próximos
anos entre os países que mais
receberão investimentos da indústria automotiva no mundo,
de acordo com Letícia Costa,
vice-presidente da consultoria
Booz & Company Brasil.
"O Brasil é o quinto maior
mercado e o sexto maior produtor de veículos. Tirando a
China, é provavelmente um dos
países mais atraentes para investir. Já está comprovado que
o país tem um potencial relevante, e todos tentarão aproveitar", afirmou.
Mas, com o impacto que as
matrizes sofreram por conta da
crise global, as montadoras terão de levantar a maior parte
dos recursos internamente.
A General Motors do Brasil,
subsidiária de uma das empresas que mais sofreram com a
crise nos Estados Unidos, por
exemplo, já anunciou que seus
investimentos serão fruto de
geração própria de caixa.
Segundo executivos do mercado ouvidos pela reportagem,
a dificuldade maior será para as
montadoras que se instalaram
no país mais recentemente e
cujos volumes de vendas são
menores.
Nesse caso, o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) desempenhará papel importante. Além
da General Motors, a Renault já
anunciou que "boa parte" dos
recursos aplicados nos próximos anos será financiada pelo
banco de fomento.
Dados dos BNDES mostram
que foram desembolsados neste ano -até a última sexta-feira- R$ 450,6 milhões para projetos de montadoras. No ano
passado, o valor foi ainda mais
alto -R$ 633,8 milhões.
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