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Para mercado, Selic cai menos em 2007
Previsão é que taxa venha a ter redução de 1,5 ponto percentual neste ano; em 2006, corte foi de 4,75 pontos percentuais
Para economista, Copom deve começar a desacelerar o ritmo de redução da taxa básica, de 0,50 ponto para 0,25 ponto por reunião
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a ratificação das expectativas do mercado e a realização de um novo corte na taxa
básica da economia nesta semana, sobrará um estreito espaço para os juros brasileiros
caírem no resto do ano.
Pesquisa feita pelo Banco
Central junto a cem instituições financeiras mostra a projeção de que a taxa Selic estará
em 11,75% anuais em dezembro
de 2007.
Hoje a taxa básica Selic está
em 13,25% anuais. Investidores
e analistas se dividem quanto à
expectativa de que a taxa cairá
0,25 ponto (para 13%) ou 0,50
ponto (para 12,75%) na reunião
desta semana. Confirmada
uma ou outra opção pelos representantes do Copom (Comitê de Política Monetária),
restará apenas 1 ponto (ou 1,25
ponto) para a taxa Selic cair até
dezembro.
Em 2006, a Selic caiu quase 5
pontos percentuais, indo de
18% para 13,25%.
O Copom se reúne entre
amanhã e quarta-feira para definir a nova taxa básica de juros,
que ficará em vigor até o dia 7
de março.
Maurício Molan, economista-sênior do Santander Banespa, afirma que o Copom "deve
começar a desacelerar o ritmo
de redução da taxa básica, de
0,50 ponto para 0,25 ponto por
reunião".
"Mas não será uma decisão
fácil. Afinal, as projeções do
mercado e as próprias estimativas do BC são de que o IPCA deve encerrar o ano abaixo da meta, mesmo com a Selic migrando para baixo de 12% no final de
2007", diz o economista.
Para os fundos de renda fixa,
o processo de corte da taxa básica da economia tem sido
ruim. Essas aplicações carregam em suas carteiras títulos
públicos e privados que pagam
juros. Assim, têm visto sua rentabilidade recuar.
Em 1996, os fundos de renda
fixa deram retorno médio de
20,18%. No ano passado, o ganho médio foi de 14,96%. Para
este ano, caso as projeções para
a taxa básica se confirmem, o
retorno ficará em torno dos
12,2%.
Em 2003, com as pressões
inflacionárias que obrigaram o
governo a elevar a taxa Selic, os
fundos de renda fixa deram
rentabilidade anual de cerca de
24,27%.
Walter Machado de Barros,
presidente do Ibef SP (Instituto Brasileiro de Executivos de
Finanças de São Paulo), trabalha com a perspectiva de que a
Selic será reduzida em 0,25
ponto na primeira reunião do
Copom no ano. Para o fim de
2007, a projeção dele é a de que
a taxa básica estará em 11,75%
anuais.
"O Copom argumenta que é
necessário reduzir a dosagem
porque as próximas decisões
terão impacto concentrado em
2007, num cenário de menor
distância entre os juros correntes e os de mercado", afirma.
"Porém, ainda é grande a defasagem entre a redução da taxa
Selic e os seus efeitos na rede
bancária", diz Barros.
Para Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, o Copom deve reduzir a taxa em 0,50 ponto
percentual. O economista afirma que "há um espaço inédito
para redução de juros, sem
pressão cambial à vista e graças
ao sucesso dos últimos anos da
política monetária em quebrar
a inércia inflacionária na formação de expectativas dos
agentes".
Como os analistas e os investidores estão divididos em suas
apostas, qualquer uma das duas
opções -redução da Selic para
13% ou 12,75%- a ser escolhida
pelo Copom não deve chegar a
ter uma repercussão muito pesada no mercado financeiro.
Mas, se o Copom decidir surpreender -o que é muito pouco provável, dado o perfil conservador da autoridade monetária- e cortar a taxa de forma
mais agressiva, os pregões de
sexta-feira sofrerão ajustes importantes.
Na quinta-feira, as Bolsas estarão fechadas em São Paulo
devido ao feriado de aniversário da cidade.
Reflexos negativos
Os consideráveis saques sofridos pelos fundos de renda fixa e DI em 2006 mostram que o investidor está atento à queda
dos juros e ao seu reflexo na
rentabilidade das aplicações.
Juntos, os fundos de renda fixa e DI (que também acompanham a oscilação dos juros) tiveram captação líquida negativa de cerca de R$ 23 bilhões no
ano passado. A captação líquida
é a diferença entre as aplicações e os resgates.
Mas, mesmo com as perdas
de recursos, a renda fixa encerrou 2006 com patrimônio líquido de R$ 319 bilhões -o que
representa 35% de toda a indústria de fundos-, sendo a
maior categoria do mercado.
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