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CRISE NOS MERCADOS/ GOVERNO BRASILEIRO
EUA precisam impedir crise global, diz Lula
Para ele, economia nunca esteve tão sólida; Mantega vê "quase pânico" nos mercados, mas descarta ação emergencial
Para Meirelles, economia brasileira está "preparada" para a crise, mas deve sofrer impacto com piora da situação nos Estados Unidos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o
Brasil está "tranqüilo" em relação à crise, mas que poderá, "se
for necessário, tomar as medidas que a situação exigir". Para
ele, as turbulências foram provocadas por "frustração" em
relação às medidas anunciadas
na semana passada pelo presidente George W. Bush.
"Nós vamos ficar tranqüilos,
acompanhar, e vamos, se for
necessário, tomar as medidas
que a situação exigir. Mas posso
dizer para vocês que há tranqüilidade, tanto do meu ministro da Fazenda quanto do presidente do Banco Central, estamos apenas acompanhando. O
Brasil nunca teve a solidez que
tem hoje", disse Lula antes de
dar posse a Edison Lobão no
Ministério de Minas e Energia.
Lula voltou a falar que "os Estados Unidos precisam assumir
a responsabilidade de evitar
que esse crise se alastre e crie
uma crise mundial". Disse que
essa crise não deverá afetar os
investimentos no Brasil nem o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). "Eu estou
convencido de que nós vamos
continuar no caminho certo."
Depois, durante discurso,
Lula disse que ficou triste ao
"ler artigos de de pessoas que
parece que estão torcendo para
que a crise americana crie algum problema para o Brasil",
um "tipo de gente que não se
conforma das coisas estarem
dando certo neste país, que não
se conforma que as coisas andem bem, que o povo esteja vivendo um momento de otimismo que há muito não vivia".
Apesar de falar em tranqüilidade, Lula disse que iria se reunir com os ministro Guido
Mantega (Fazenda) e Henrique
Meirelles (BC) para discutir a
crise econômica.
Mantega classificou o dia de
ontem como "de quase pânico"
nos mercados internacionais e
atribuiu o nervosismo a uma
possível frustração dos agentes
econômicos quanto ao efeito
das medidas do pacote americano. Ele descartou a adoção de
medidas de reforço para o enfrentamento da crise.
"Não podemos tomar um dia
como representativo. Hoje [ontem] foi um dia de quase pânico
porque as Bolsas caíram muito
no mundo todo e isso traz contágio, o que não quer dizer que
amanhã e depois de amanhã será assim", avaliou. A exemplo
de Lula, ele disse que as autoridades americanas deveriam
adotar novas medidas destinadas a acalmar os mercados.
Mantega disse ainda que, se a
crise na economia americana
piorar e se alastrar, confirmando o diagnóstico de retração internacional, as cotações das
commodities (produtos agrícolas e minerais) serão atingidas,
com efeito negativo na expansão das exportações brasileiras.
Já Meirelles tentou tranqüilizar o mercado financeiro. Disse que o Brasil está preparado
para a crise, mas deixou clara a
possibilidade de o BC aumentar os juros básicos no futuro,
caso seja necessário.
"Minha mensagem é uma só:
estamos preparados", afirmou
Meirelles no final do discurso
na cerimônia de posse da nova
diretora de Assuntos Internacionais do BC, Maria Celina Arraes. Ele lembrou os principais
indicadores do Brasil, principalmente na área externa. Citou que há cinco anos o país
precisava de três anos de exportações para resgatar toda a
dívida externa líquida. Hoje,
um mês de vendas ao exterior
já liquidariam esta conta.
Durante o discurso, o presidente do BC disse não ter a ilusão de que o Brasil esteja imune
à crise nos EUA, que, para ele,
podem entrar em recessão.
Mas lembrou que o BC já havia
alertado para a possibilidade de
crise externa.
A mais recente ata do Copom
(Comitê de Política Monetária,
que define os juros básicos da
economia) já indicava que a
turbulência externa poderia
impedir a queda dos juros nas
reuniões seguintes.
"O Banco Central, sempre
que necessário, tomará medidas preventivas para evitar
problemas futuros. O BC vem
trabalhando consistentemente
para reduzir a vulnerabilidade
da economia brasileira a choques externos", disse Meirelles.
O presidente do BC disse que
o país já passou por "experimentalismos" e que o melhor
arcabouço para a economia é a
responsabilidade fiscal, câmbio
flutuante e compromisso com
as metas de inflação.
Com a Reuters
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