São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Abdib defende prêmio pela manutenção de empregos

Em meio às discussões de punir empresas que demitirem seus funcionários com a suspensão de crédito de instituições públicas, a Abdib (associação da infraestrutura) lança uma proposta inversa: premiar as que mantiverem o saldo de emprego zerado ou positivo em determinado período com benefícios fiscais.
A Abdib defende o estabelecimento de crédito previdenciário para as empresas que mantiverem ou ampliarem as contratações a partir de informações do Caged. De acordo com o proposta, essas companhias teriam um crédito para abatimento das contribuições previdenciárias futuras equivalente a 10% de toda a contribuição previdenciária recolhida em determinado período.
Isso significa, por exemplo, que uma empresa que recolheu R$ 1 milhão em contribuições previdenciárias em um período de seis meses terá um crédito de R$ 100 mil para descontar das próximas contribuições.
O presidente da Abdib, Paulo Godoy, vai apresentar essa sugestão no Conselhão, no Comitê de Monitoramento da Crise e em diversas instâncias do governo, como nos ministérios da Fazenda e do Trabalho.
Godoy sugere que o prazo de análise do saldo de emprego seja entre três e seis meses. Ele admite mudanças na proposta, mas defende que a "lógica" seja mantida.
"Queremos inverter a lógica dessas políticas de estímulo ao emprego. Em vez de punir as empresas que demitirem, queremos premiar as que conseguirem manter os empregos", afirma. "Punir é motivar novas demissões", completa o presidente da Abdib.
Para Godoy, a adoção da iniciativa não fará com que as empresas deixem de cortar vagas, mas fará com que elas atrasem ao máximo essa ação. "A decisão da empresa de demitir está vinculada à atividade econômica. As empresas não vão deixar de demitir por isso [crédito previdenciário], mas, se elas puderem segurar um pouco os empregos, certamente o farão para receber o benefício fiscal."

Material de construção pede IPI zero

O índice de vendas da Abramat (associação da indústria de materiais de construção), que será divulgado hoje, mostra que o setor fechou 2008 com alta de 33,2%. O resultado foi positivo apesar de uma queda de 10% nas vendas do mercado interno em dezembro ante novembro.
Melvyn Fox, presidente da entidade, se encontrou ontem com o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e pediu a redução da alíquota do IPI a zero para todos os materiais de construção. "Se houver redução no IPI para toda a cadeia de materiais de construção, a meta do governo para o PIB poderia ser de até 4,5% em 2009", diz Fox. Os estudos da Abramat serão encaminhados para a reunião que Guido Mantega realiza hoje, para discutir o pacote de medidas para a cadeia da construção civil.

MAIS EMBAIXO
O advogado Pierre Moreau, do Moreau Advogados, especializado em direito societário, afirma que o caso Madoff ainda pode esconder mais lesados do que aqueles que apareceram até agora.
Moreau, que atende em seu escritório cerca de 30 casos relacionados ao escândalo por meio de diversos fundos, diz que as perdas de brasileiros estimadas em R$ 2 bilhões nessa fraude ainda podem ser superiores.
Quando as perícias que estão em andamento definirem o momento em que a fraude praticada por Madoff teve início, muitos investidores que fizeram resgates recentemente -pouco antes do estouro do escândalo- podem ser chamados a partilhar as perdas. "Muita gente pensa que se livrou porque saiu seis meses antes. Acontece que esses resgates recentes foram feitos sob uma contabilidade fraudulenta, o que desclassifica totalmente a operação", diz. Os efeitos seriam retroativos a dois anos, segundo Moreau, ou seja, se a fraude começou há cinco anos, todos os resgates realizados de dois anos até agora seriam desfeitos. Se começou há um ano, por exemplo, só serão chamados os resgates feitos de um ano até agora.

FUNDO SOBERANO
Circula na internet manifestação contestando o fato de o recém-criado fundo soberano ser privado, apesar de ser constituído por recursos públicos da União. Segundo o manifesto, pela lei que criou o fundo, sua finalidade é a formação de poupança pública, mas sua natureza é privada. O documento faz a pergunta: "Como pode um fundo ser constituído e gerido pela União, inclusive com recursos do Tesouro Nacional, ser de natureza privada?". O manifesto foi enviado ao TCU.

BBB
A nova expressão da moda é BBB. E não é o programa da TV Globo. Trata-se da sigla para Big Bad Bank, uma proposta que a equipe de Obama vai levar adiante para reunir, em uma mesma instituição, os ativos tóxicos dos bancos americanos. Como se sabe, boa parte da paralisação global, provocada pelo bloqueio ao crédito, deve-se à enormidade de ativos podres das instituições americanas.

TOALHA
As vendas do segmento de cama, mesa e banho caíram 20% na primeira quinzena de janeiro ante igual período de dezembro, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo. Arinos de Almeida Barros, presidente da entidade, afirma que o resultado se deve mais à sazonalidade do que à crise, que deve ser mensurada em março. Historicamente, as vendas do setor caem no início de cada ano.

INCUBADORA
A Fanem, fabricante de produtos de neonatologia, venceu concorrência feita pelo governo do Peru para equipamentos de neonatal. O contrato, de US$ 2,2 milhões, inclui entrega e instalação de produtos como incubadoras, equipamentos de fototerapia e unidades de cuidado intensivo. A compra faz parte de um grande programa desenvolvido pelo governo de Alan García para atender ao projeto Materno-Infantil.


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