|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juro sobe com expectativa de alta da Selic
Maioria das modalidades de crédito registra alta em dezembro; para mercado, taxa básica subirá de 8,75% para 11,25% até o fim do ano
BC diz que juro e "spread" para pessoas físicas estão perto de menores níveis e recuo da inadimplência pode atenuar uma alta da Selic
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A expectativa de aumento da
taxa básica de juros a partir de
abril já afeta o custo do crédito
ao consumidor. As taxas das
principais modalidades (crédito pessoal, consignado, veículos e aquisição de bens) subiram em dois dos últimos três
meses, segundo dados do Banco Central. Em dezembro, só a
taxa do cheque especial caiu,
devido a uma procura menor.
Em outubro, quando os juros
bancários deram o primeiro sinal de alta, o BC afirmava que
era "um ponto fora da curva".
No mês passado, no entanto, a
maioria das taxas voltou a subir, inclusive no crédito com
desconto em folha. Uma das explicações para essa mudança é
o movimento de antecipação
do mercado financeiro diante
das previsões de que o BC aumentará os juros dos atuais
8,75% ao ano para 11,25% até o
fim de 2010.
Desde setembro, o custo de
captação dos bancos vem subindo. No caso das pessoas físicas, já voltou aos níveis do começo do ano passado. No último trimestre, esse aumento
anulou metade da queda do
"spread" bancário -parcela
dos juros que embute o ganho
dos bancos, custos, impostos e
inadimplência- nesse período.
Apesar da alta recente nas
principais linhas, o BC destaca
que tanto juros como "spread"
para pessoa física estão próximos dos menores níveis da história. Outro fato importante é a
inadimplência, que segue em
queda e pode amenizar o efeito
do aumento da taxa básica.
Além disso, quando se pega a
taxa média de juros, o indicador do BC mostra queda em dezembro, distorção causada pela
diferença entre o custo das linhas mais baratas (44,4% no
crédito pessoal), que aumentaram sua participação no total, e
as mais caras (159% no cheque
especial).
O economista-chefe da CNC
(Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de
Freitas, diz que o comportamento futuro dos juros ao consumidor vai depender, principalmente, da diferença entre as
expectativas do mercado e as
decisões do BC. "Se a taxa Selic
subir menos que o esperado, e o
aumento for mais para o final
do ano, as taxas que os bancos
cobram podem cair. Além disso, o "spread" pode recuar, se a
inadimplência mantiver a tendência de baixa", afirmou.
Para o economista Alexandre
Andrade, da Tendências, os juros bancários podem cair ao
longo deste ano, mas devem
voltar a subir assim que o BC
mexer na taxa básica. "O impacto maior [nos juros bancários] deve ficar para 2011. Mas,
se esse movimento de alta da
Selic for antecipado, pode
acontecer antes."
Os dois economistas avaliam
que ainda há espaço para redução do "spread" bancário, influenciado, principalmente,
pelo recuo no percentual de
crédito com prestações em
atraso, que em novembro estavam em 5,8%.
No mês passado, a inadimplência voltou a cair para pessoa física e jurídica, mas fechou
o ano em alta -5,6% dos empréstimos tinham atraso superior a 90 dias, período usado como referência-, ante 4,4% em
dezembro de 2008.
Algumas linhas de crédito
para pessoa jurídica também
registraram alta em dezembro,
como "hot money", desconto
de promissórias e aquisição de
bens.
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Brasil: uma fronteira cruzada Próximo Texto: Empréstimos direcionados lideram Índice
|