São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Dólar supera R$ 1,80 pela primeira vez em quatro meses

Moeda avança 0,45% no dia com notícia de que Obama quer impor restrições aos bancos dos EUA

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez desde setembro de 2009, o dólar superou a barreira de R$ 1,80. Enquanto as Bolsas de Valores aprofundavam suas perdas ontem, o dólar rompia novos patamares. Com apreciação de 0,45% diante do real, a moeda americana fechou a R$ 1,801.
O movimento ascendente dos últimos dias levou o dólar a passar a acumular alta de 3,33% no mês. Na máxima de ontem, bateu em R$ 1,807.
Se os analistas ainda acham cedo para estimar se a escalada do dólar vai ser duradoura, ao menos começam a prever que um novo patamar de referência pode se firmar. Em vez do R$ 1,70 que tem balizado o mercado nos últimos meses, a moeda ficaria mais próxima de R$ 1,80 daqui para a frente.
Ontem foram declarações do presidente dos EUA, Barack Obama, de que vai impor novos limites às operações de mercado dos bancos, que azedaram os ânimos. A reação dos investidores veio por meio da depreciação das Bolsas e, no caso do Brasil, também do enfraquecimento do real.
Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, diz que as perspectivas para as contas externas do país no ano têm se alterado. "Começa-se a contar com a possibilidade de o país ter um deficit nas transações correntes muito mais acentuado", avalia Nehme.
"Não penso que tenhamos de enfrentar problemas mais sérios no câmbio, mas o cenário não será tão tranquilo quanto se esperava. A cotação passou a tender muito mais para R$ 1,80 do que para R$ 1,70."
A última pesquisa realizada pelo BC com cem instituições financeiras mostrou que a expectativa, até a semana passada, era que o dólar estivesse em R$ 1,75 no fim do ano. Com o mercado mais arisco, é possível que tal previsão seja revista.
O dólar encerrou 2009 cotado a R$ 1,743, com depreciação anual acumulada de 25,32%. No ano passado, a maior cotação registrada foram os R$ 2,442 do dia 2 de março. Por enquanto, ninguém antevê a possibilidade de a cotação saltar para nível similar.
"Apesar das diferentes pequenas notícias desagradáveis que se acumularam neste começo de ano, não ocorreu nada de mais grave para que a moeda subisse tão rapidamente nos últimos dias. De qualquer forma, a não ser que voltemos a assistir a uma deterioração expressiva do cenário internacional, não vejo o dólar indo rumo a R$ 1,90 no curto prazo", diz Mario Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora.
Um fator que tem sido destacado pelos analistas é a piora da balança comercial. Na primeira quinzena do mês, a balança teve deficit de US$ 1 bilhão. Isso quer dizer que o Brasil mais importou do que exportou no período e que mais dólares saíram do que entraram no país.
Por enquanto, não se espera que o BC reveja sua forma de atuação no câmbio, que tem ocorrido por meio da compra de dólares no mercado. Esse tipo de intervenção ajuda a fortalecer a cotação da moeda.


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