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Dólar supera R$ 1,80
pela primeira vez
em quatro meses
Moeda avança 0,45% no dia com notícia de que
Obama quer impor restrições aos bancos dos EUA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez desde setembro de 2009, o dólar superou a barreira de R$ 1,80. Enquanto as Bolsas de Valores
aprofundavam suas perdas ontem, o dólar rompia novos patamares. Com apreciação de
0,45% diante do real, a moeda
americana fechou a R$ 1,801.
O movimento ascendente
dos últimos dias levou o dólar a
passar a acumular alta de
3,33% no mês. Na máxima de
ontem, bateu em R$ 1,807.
Se os analistas ainda acham
cedo para estimar se a escalada
do dólar vai ser duradoura, ao
menos começam a prever que
um novo patamar de referência
pode se firmar. Em vez do R$
1,70 que tem balizado o mercado nos últimos meses, a moeda
ficaria mais próxima de R$ 1,80
daqui para a frente.
Ontem foram declarações do
presidente dos EUA, Barack
Obama, de que vai impor novos
limites às operações de mercado dos bancos, que azedaram os
ânimos. A reação dos investidores veio por meio da depreciação das Bolsas e, no caso do
Brasil, também do enfraquecimento do real.
Sidnei Nehme, diretor da
corretora de câmbio NGO, diz
que as perspectivas para as
contas externas do país no ano
têm se alterado. "Começa-se a
contar com a possibilidade de o
país ter um deficit nas transações correntes muito mais
acentuado", avalia Nehme.
"Não penso que tenhamos de
enfrentar problemas mais sérios no câmbio, mas o cenário
não será tão tranquilo quanto
se esperava. A cotação passou a
tender muito mais para R$ 1,80
do que para R$ 1,70."
A última pesquisa realizada
pelo BC com cem instituições
financeiras mostrou que a expectativa, até a semana passada, era que o dólar estivesse em
R$ 1,75 no fim do ano. Com o
mercado mais arisco, é possível
que tal previsão seja revista.
O dólar encerrou 2009 cotado a R$ 1,743, com depreciação
anual acumulada de 25,32%.
No ano passado, a maior cotação registrada foram os R$
2,442 do dia 2 de março. Por
enquanto, ninguém antevê a
possibilidade de a cotação saltar para nível similar.
"Apesar das diferentes pequenas notícias desagradáveis
que se acumularam neste começo de ano, não ocorreu nada
de mais grave para que a moeda
subisse tão rapidamente nos
últimos dias. De qualquer forma, a não ser que voltemos a assistir a uma deterioração expressiva do cenário internacional, não vejo o dólar indo rumo
a R$ 1,90 no curto prazo", diz
Mario Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora.
Um fator que tem sido destacado pelos analistas é a piora da
balança comercial. Na primeira
quinzena do mês, a balança teve deficit de US$ 1 bilhão. Isso
quer dizer que o Brasil mais importou do que exportou no período e que mais dólares saíram
do que entraram no país.
Por enquanto, não se espera
que o BC reveja sua forma de
atuação no câmbio, que tem
ocorrido por meio da compra
de dólares no mercado. Esse tipo de intervenção ajuda a fortalecer a cotação da moeda.
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