|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após alta do PIB, China pode cortar estímulo
Crescimento de 8,7% em 2009 supera expectativas e eleva temores de inflação e superaquecimento da economia
Partido Comunista debate dose do aperto na economia, pois medidas de desestímulo em 2008 contribuíram para a alta do desemprego no país
DE PEQUIM
O crescimento de 8,7% do
PIB (Produto Interno Bruto,
soma de todas as riquezas produzidas em um país) em 2009,
aliado ao aumento dos preços
ao consumidor de 1,9% em dezembro, elevou os temores de
que o governo da China precisará apertar mais o crédito e
desacelerar seu pacote de estímulo para evitar o superaquecimento da economia.
Em 2010, o PIB deve crescer
entre 9,5% e 10%, segundo previsões feitas ontem pela maioria dos economistas dos grandes bancos situados em Xangai
e Hong Kong.
A dosagem no aperto das políticas expansivas é a grande
questão que aflige o Partido
Comunista. O início da desaceleração econômica chinesa, no
segundo semestre de 2008, foi
causado por medidas que visavam conter a disparada de preços de imóveis nas grandes cidades e conter a inflação, que
chegou a um recorde de 8,9%
em fevereiro de 2008.
Para muitos analistas, as medidas para conter a economia
aquecida e a inflação foram fortes demais -e ainda coincidiram com a recessão global que
atingiu os três maiores mercados da China: União Europeia,
Estados Unidos e Japão.
Então o PIB cresceu apenas
6,8% entre outubro e dezembro de 2008 (depois de superar
11% em 2007), e 20 milhões de
chineses perderam o emprego
com a crise da construção civil
e a queda das exportações.
Comparado a esse trimestre
sombrio, o último trimestre de
2009 teve crescimento de
10,7%. Em novembro de 2008,
o governo anunciou um pacote
de estímulo de US$ 585 bilhões,
principalmente investidos em
grandes projetos de infraestrutura, além da concessão recorde de crédito, equivalente a
R$ 2,5 trilhões (ou cerca de
90% do PIB brasileiro) pelos
bancos estatais.
Segundo estimativas da Academia Chinesa de Ciências Sociais, centro de estudos do governo, 90% dos que perderam o
emprego já se recolocaram no
mercado de trabalho. Pelas
contas locais, o PIB precisa
crescer ao menos 8% para gerar
os 20 milhões de empregos que
a China demanda anualmente
-13 milhões de camponeses
que partem para as cidades
mais 7 milhões de recém-formados por ano.
Mas, ao contrário do pessimismo do ano passado, a China
vive um momento otimista
agora, a poucas semanas do
Ano Novo Chinês, o principal
feriado do país -e maior período de descanso em uma nação
onde não há férias regulamentadas-, quando milhões compram presentes e viajam para
visitar as suas famílias no interior do país.
Tigres de plástico e papel
dourado enfeitam vitrines, como símbolo da sorte do animal
que marca o novo ano no horóscopo chinês.
Hora de desacelerar
O sucesso da recuperação
traz de volta os problemas que
causaram a desaceleração: o
preço do metro quadrado nas
70 maiores cidades chinesas
aumentou 7,8% apenas em dezembro, e o índice de preços ao
consumidor subiu 1,9%, um
forte aumento comparado com
o 0,6% em novembro e os nove
meses de deflação anteriores.
Alimentos subiram 5,2%.
"Minha maior preocupação é
como controlar os aumentos de
preço enquanto se promove o
crescimento econômico", afirmou Ma Jiantang, diretor do
Escritório Nacional de Estatísticas, em entrevista coletiva,
após a divulgação dos números
do crescimento do PIB, na manhã de anteontem.
"Outra preocupação que todos nós temos é que o preço dos
imóveis está subindo rápido
demais", completou.
"Preços de itens que importam aos consumidores, como
alimentação, moradia e serviços, estão crescendo mais rápido que os salários, e isso preocupa o governo", disse o economista Ben Simpfendorfer, do
Royal Bank of Scotland em
Hong Kong. "Isso aumenta o
temor por aperto na política."
O banco xentral já estabeleceu medidas para tentar desacelerar a economia outra vez,
aumentando a exigência de reservas compulsórias para os
bancos, a fim de reduzir a quantidade de capital para o crédito.
O economista Qu Hongbin,
do HSBC de Hong Kong, diz
acreditar que o governo precisará cancelar alguns projetos
caros de infraestrutura, além
de controlar o crédito para
atingir a desaceleração.
(RJL)
Texto Anterior: Cenário: Produção de celulose cresce 6% em 2009 Próximo Texto: País deve passar Japão e ser 2ª economia Índice
|