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COMBUSTÍVEIS
Para pressionar usineiros e segurar preços, proporção cairá de 25% para 20%; Planalto também estuda cortar tributo
Governo reduz mistura de álcool à gasolina
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a quebra do acordo de janeiro por parte dos usineiros, que
passaram a vender álcool acima
do limite de R$ 1,05, o governo determinou a redução de 25% para
20% na mistura de álcool à gasolina. Para evitar que essa medida
provoque alta no preço da gasolina nos postos, o governo estuda
reduzir a tributação sobre o consumo de combustíveis. Além disso, acertou com o setor a antecipação do início da moagem da cana-de-açúcar de maio para abril.
A redução de álcool misturado à
gasolina significa um recuo no
consumo de cerca de 100 milhões
de litros de álcool anidro por mês
(o consumo atual é de 500 milhões de litros). Já a antecipação
da moagem reduziria o período
de entressafra, quando os preços
do álcool aumentam devido à falta de uma política de estocagem
do setor.
O tributo que o governo cogita
usar é a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que é cobrada desde 2002 e
incide na venda de combustíveis.
"A Cide pode ser estudada, mas
a princípio a medida de redução
[da quantidade de álcool na gasolina] teria um impacto muito pequeno no valor final da gasolina",
afirmou o ministro de Minas e
Energia, Silas Rondeau.
Segundo ele, os cálculos do governo mostram que o aumento
médio da gasolina no Brasil, devido à quantidade de álcool, seria de
1,3%. Em São Paulo, de 2,6%.
A Cide faz o consumidor pagar
atualmente R$ 0,28 a cada litro de
gasolina. Cálculos do governo
mostram que seria necessário baixar o valor do tributo em R$ 0,02
para chegar ao ponto de equilíbrio e não haver aumento no preço da gasolina.
Rondeau disse ainda que a redução da alíquota da Cide está
sendo estudada pelo Ministério
da Fazenda, mas a proposta já era
cogitada no acordo entre usineiros e governo em janeiro.
Para diminuir a proporção de
álcool na gasolina, o Ministério da
Agricultura prepara uma resolução do Cima (Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool),
que deverá ser publicada amanhã
no "Diário Oficial" da União.
A intenção é que a medida entre
em vigor a partir da data da publicação da resolução, mas problemas operacionais e de especificação podem atrapalhar.
A resolução não terá prazo para
permanecer em vigor. A última
vez em que houve modificação na
mistura álcool/gasolina foi no início do governo do presidente Lula, em junho de 2003, quando o
percentual foi de 20% para 25%.
"Vai ficar em 20% mesmo",
afirmou o ministro Rondeau, que
informou que a nova composição
significa uma melhora de 2% no
desempenho do automóvel.
O governo não pretende alterar
a mistura nem mesmo durante a
safra da cana-de-açúcar, pois entende que o mercado irá se auto-regular e não haverá necessidade
de nova alteração.
Apesar da redução, o governo
não garante que o preço do litro
do álcool anidro fique dentro do
limite estipulado (R$ 1,05) no
acordo firmado em janeiro.
Também foi cogitada a redução
da tarifa para a importação do álcool, atualmente em 20%. Mas
mesmo que a alíquota fosse zerada o efeito seria pequeno.
Não existe no mercado internacional nenhum produtor com álcool para vender em condições favoráveis ao Brasil.
Rondeau também refutou a
possibilidade de o governo financiar um projeto de estocagem dos
usineiros. "Quem deve fazer estoque são os produtores."
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