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Com mudança, gasolina pode subir até 2,6%
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de reduzir o percentual de álcool anidro misturado à
gasolina, de 25% para 20%, pode
levar a um reajuste, na bomba, do
preço da gasolina, de até 2,6%, segundo cálculos do próprio governo divulgados no início da noite.
Para tentar evitar esse repasse ao
consumidor, a área econômica
estuda reduzir o valor da Cide,
contribuição cobrada sobre o
consumo de combustíveis.
"A gasolina [pura, vendida pela
Petrobras às distribuidoras] não
aumentará. O que aumentará é a
mistura final [vendida pelas distribuidoras aos postos], que pode
ter um reflexo [aumento de preço
para o consumidor] na proporção
direta de 25% para 20%, que pode
ser alguma coisa da ordem de 1%
ou 2%", disse o ministro de Minas
e Energia, Silas Rondeau, no começo da tarde de ontem.
No início da noite, Rondeau disse que o governo estuda reduzir a
Cide para evitar o repasse do aumento de custo da gasolina. A Cide é cobrada sobre o consumo de
combustíveis, exceto o álcool.
Com menos álcool misturado, a
gasolina aumenta de preço porque, apesar dos últimos reajustes,
o álcool continua sendo um combustível mais barato que a gasolina. Dessa forma, quanto menos
álcool na gasolina, maior o preço
desse combustível. No mercado, a
Petrobras vende gasolina pura às
distribuidoras. São elas quem fazem a mistura com álcool. Misturando menos álcool, as distribuidoras venderão gasolina mais cara aos postos, que repassarão o
aumento aos motoristas.
Em janeiro, o governo já havia
ameaçado reduzir a quantidade
de álcool na gasolina para conter a
alta do preço do álcool. Com a
medida, o mercado de álcool passa a ter uma oferta extra de aproximadamente 100 milhões de litros por mês, o que deve forçar os
preços para baixo.
O governo avalia que, apesar do
aumento de preço da gasolina, o
consumidor terá uma compensação com a diminuição da quantidade de álcool, porque haverá um
melhor desempenho do motor,
que gastará menos combustível
por quilômetro rodado com gasolina mais "pura".
Quando começou a negociar
com os usineiros, o governo desistiu de reduzir a quantidade de
álcool na gasolina porque houve,
na ocasião, um compromisso de
manter o preço do álcool na usina
a R$ 1,05. Na ocasião, o preço já
estava em R$ 1,08.
O governo queria fixar como teto o preço de R$ 1,00 por litro, mas
aceitou a proposta dos usineiros,
que adicionalmente se comprometiam a manter a oferta do produto. Não foi o que aconteceu.
"Passado um período, com a dificuldade que os usineiros demonstraram que teriam em manter esse nível [de preço], nós estamos propondo efetivar essa redução [de 25% para 20%] dessa percentagem, que não compromete
em nada o desempenho dos veículos", afirmou o ministro.
"Nossa preocupação no governo é manter o abastecimento [de
álcool] para que os que confiaram
no programa do álcool tenham o
abastecimento garantido. Entendemos claramente que é apenas
um problema de entressafra."
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