São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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Com mudança, gasolina pode subir até 2,6%

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de reduzir o percentual de álcool anidro misturado à gasolina, de 25% para 20%, pode levar a um reajuste, na bomba, do preço da gasolina, de até 2,6%, segundo cálculos do próprio governo divulgados no início da noite. Para tentar evitar esse repasse ao consumidor, a área econômica estuda reduzir o valor da Cide, contribuição cobrada sobre o consumo de combustíveis.
"A gasolina [pura, vendida pela Petrobras às distribuidoras] não aumentará. O que aumentará é a mistura final [vendida pelas distribuidoras aos postos], que pode ter um reflexo [aumento de preço para o consumidor] na proporção direta de 25% para 20%, que pode ser alguma coisa da ordem de 1% ou 2%", disse o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, no começo da tarde de ontem.
No início da noite, Rondeau disse que o governo estuda reduzir a Cide para evitar o repasse do aumento de custo da gasolina. A Cide é cobrada sobre o consumo de combustíveis, exceto o álcool.
Com menos álcool misturado, a gasolina aumenta de preço porque, apesar dos últimos reajustes, o álcool continua sendo um combustível mais barato que a gasolina. Dessa forma, quanto menos álcool na gasolina, maior o preço desse combustível. No mercado, a Petrobras vende gasolina pura às distribuidoras. São elas quem fazem a mistura com álcool. Misturando menos álcool, as distribuidoras venderão gasolina mais cara aos postos, que repassarão o aumento aos motoristas.
Em janeiro, o governo já havia ameaçado reduzir a quantidade de álcool na gasolina para conter a alta do preço do álcool. Com a medida, o mercado de álcool passa a ter uma oferta extra de aproximadamente 100 milhões de litros por mês, o que deve forçar os preços para baixo.
O governo avalia que, apesar do aumento de preço da gasolina, o consumidor terá uma compensação com a diminuição da quantidade de álcool, porque haverá um melhor desempenho do motor, que gastará menos combustível por quilômetro rodado com gasolina mais "pura".
Quando começou a negociar com os usineiros, o governo desistiu de reduzir a quantidade de álcool na gasolina porque houve, na ocasião, um compromisso de manter o preço do álcool na usina a R$ 1,05. Na ocasião, o preço já estava em R$ 1,08.
O governo queria fixar como teto o preço de R$ 1,00 por litro, mas aceitou a proposta dos usineiros, que adicionalmente se comprometiam a manter a oferta do produto. Não foi o que aconteceu.
"Passado um período, com a dificuldade que os usineiros demonstraram que teriam em manter esse nível [de preço], nós estamos propondo efetivar essa redução [de 25% para 20%] dessa percentagem, que não compromete em nada o desempenho dos veículos", afirmou o ministro.
"Nossa preocupação no governo é manter o abastecimento [de álcool] para que os que confiaram no programa do álcool tenham o abastecimento garantido. Entendemos claramente que é apenas um problema de entressafra."


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