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ANÁLISE
Abastecimento preocupa mais que preço
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Ao mesmo tempo em que os
usineiros melhoram o caixa neste
início de ano com o aumento dos
preços do álcool, uma forte preocupação recai sobre o setor: a do
abastecimento.
O setor vem há vários anos em
busca de uma sustentação para a
demanda de álcool no mercado
interno, o que começou a ocorrer
com o lançamento dos carros bicombustíveis.
A elevação dos preços do álcool
ocorre devido à conjugação de vários fatores, mas principalmente
pela aceleração da demanda, tanto interna como externa.
Essa procura maior por álcool
pode até gerar problemas no
abastecimento, hipótese que o setor não quer nem ouvir falar, devido aos estragos ocorridos no final do Proálcool, há duas décadas.
Os problemas do setor começaram com a queda na útlima safra,
que ficou em 14,4 bilhões de litros,
600 milhões de litros a menos do
que o previsto.
Além disso, o consumo interno,
com o avanço das vendas dos carros bicombustíveis, ficou 2% acima das previsões.
Além da demanda interna, a externa também está aquecida. As
exportações de álcool saltaram do
patamar de 300 milhões de litros
há três anos para 2,4 bilhões de litros atualmente, segundo dados
do setor.
Entressafra colabora
A pressão nos preços aumentou
ainda mais porque o setor entrou
na entressafra atual com baixos
estoques, o que forçou as distribuidoras a antecipar as compras
para garantir participação no
mercado.
Esse cenário forçou o rompimento do acordo dos usineiros
com o governo. Nos bastidores, o
setor acha que esse acordo não
deveria ter sido feito.
O rompimento do acordo e a
elevação de preços não garantem,
no entanto, um cenário tranqüilo
para o consumidor. Os preços vão
continuar subindo e o cenário de
março e abril deve ser ainda mais
crítico do que o deste mês.
A redução dos preços deve
ocorrer somente com a entrada
plena da safra, após abril. Até lá,
existe a previsão de antecipação
da safra, que pode gerar 900 milhões de litros.
O problema dessa antecipação
da safra é que ela depende ainda
de fatores climáticos favoráveis.
Do contrário, mesmo com a elevação dos preços não compensa
aos produtores essa antecipação
porque a cana-de-açúcar não está
no ponto ideal e a produtividade é
menor.
Essa pressão dos preços vai continuar refletindo no bolso dos
consumidores e será repassada
para os índices de inflação nas
próximas semanas.
A partir de maio, no entanto, se
a safra caminhar bem, os preços
despencam, como sempre ocorre
nesse período do ano.
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