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VAREJO
Alta foi de 5% em 2005, diz a Abras; marcas próprias e de 2ª linha ajudam
Supermercado eleva vendas, mas de itens mais baratos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os supermercados venderam
5% mais mercadorias em 2005 na
comparação com o ano anterior,
o que permite afirmar que o brasileiro comprou mais produtos alimentícios, de higiene, beleza e
limpeza no ano passado.
O Estado de São Paulo, exceto o
interior, teve desempenho inferior à média nacional: o aumento
nas vendas foi de 3,5%, abaixo do
registrado no Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
Para 2006, há forte expectativa
de expansão também de um dígito, por conta da possível melhora
na demanda doméstica a partir de
março.
Os dados foram apresentados
ontem pela Abras (Associação
Brasileira de Supermercados), em
pesquisa encomendada à consultoria ACNielsen, especializada em
consumo.
Não é possível comparar o resultado do ano passado com taxas
históricas de outros períodos porque o levantamento tem apenas
dois anos. É possível concluir, no
entanto, que esse aumento no
consumo não é reflexo da melhora expressiva no poder de compra
da população, afirma a associação
do setor.
"O que aconteceu é que o brasileiro comprou mais produtos
mais baratos. Por isso o volume
comercializado aumentou", disse
João Carlos de Oliveira, presidente da Abras.
Marcas próprias
Na prática, é um movimento
muito parecido com aquele vivido pela indústria e pelo varejo em
2003. Naquele ano, quando a renda sofreu forte baque e os juros e o
câmbio sofreram altas, o consumidor apertou o cinto e, com o
mesmo salário, comprou mais
mercadorias para a casa.
Naquele ano, como em 2005,
não houve mágica, explica a
Abras. A demanda maior, que puxou esse resultado para cima no
ano passado, ficou concentrada
principalmente nos produtos em
promoção, nas mercadorias chamadas "marcas próprias" (que
têm o nome da loja estampado na
embalagem) e nas marcas de segunda linha de grandes fabricantes (aquelas lançadas recentemente a preços competitivos).
O consumo voltado para esses
segmentos é resultado de um período de vacas magras, em que o
rendimento da população não
deslanchou.
Em certas regiões, como São
Paulo, andou muito em linha com
o resultado pífio da média nacional. Segundo o IBGE, o rendimento médio real do brasileiro
subiu 2% no ano passado, enquanto o número de vagas abertas avançou apenas 1%.
Em 2005, o volume de vendas
foi puxado pelo consumo maior
de perecíveis industrializados
(frios, produtos em lata), com alta
de 9% em relação a 2004. A seguir,
no ranking dos melhores desempenhos estão os itens de bazar
(têxteis) e a mercearia salgada
(salgadinhos, pães).
Na avaliação dos especialistas
da ACNielsen, esse resultado mais
forte em perecíveis resume de forma clara como o brasileiro se
comportou no ano passado quanto aos desejos de compra.
"Fomos analisar os dados com a
consultoria e aí percebemos que
isso não quer dizer que o brasileiro comprou mais queijo e presunto. Ele foi comprar a mortadela,
mais barata, que não deixa de ser
um perecível, mas tem preço menos salgado", diz o presidente da
Abras.
Geografia do consumo
Para 2006, a entidade acredita
que uma eventual recuperação na
renda tenda a levar o consumidor
a optar por produtos de maior valor agregado e passe, aos poucos,
a abandonar essa cesta de mercadorias com itens mais modestos.
No entanto a Abras reforça que
"isso é na teoria". Segundo Oliveira, "como o consumidor vai se
comportar ainda é uma grande
dúvida".
Na análise realizada pela ACNielsen, é possível ainda ver o desempenho na demanda por regiões no país. Os Estados do Nordeste tiveram forte aumento na
quantidade de itens vendidos. A
alta em relação a 2004 foi de 8,7%.
De acordo com a Federação do
Comércio do Maranhão, essa alta
é reflexo, em boa parte, da força
do Bolsa-Família, projeto social
do governo federal que destina recursos para a população pobre.
Como essa ação social tem mais
peso em regiões com população
de menor renda, quando o projeto se expande o consumidor local
acaba comprando mais.
Entre as regiões com pior resultado está a que compreende os Estados de Minas Gerais, Espírito
Santo e interior do Rio de Janeiro.
Nesses locais, na média geral de
2005 houve aumento de 2% na
venda de mercadorias em comparação com o ano anterior.
Em linhas gerais, ao se comparar todos os desempenhos por
áreas analisadas pela consultoria,
a região de São Paulo (com alta de
3,5%) teve o terceiro pior resultado entre as áreas analisadas.
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