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Bancos compram mais dólares; moeda sobe 1,8%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos aumentaram suas
compras de dólares neste mês, o
que, de acordo com dados do
Banco Central, resultou numa redução da posição mantida pelas
instituições financeiras no mercado de câmbio.
No final de janeiro, os bancos
possuíam uma posição vendida
de US$ 4,691 bilhões no mercado
à vista de dólar. Isso significa que
esses dólares já haviam sido vendidos pelas instituições financeiras e seriam entregues aos respectivos compradores dentro de um
determinado prazo.
Em geral, a manutenção de posições vendidas indica uma expectativa de queda do dólar
-vende-se a moeda agora por se
acreditar que, no futuro, sua cotação irá cair.
Na última sexta-feira, essa posição vendida havia caído para US$
1,508 bilhão. Essa queda pode ser
explicada pelo forte ingresso de
dólares registrado neste mês. Dados parciais calculados pelo BC
indicam que o fluxo de capital externo em fevereiro deve ser o mais
alto dos últimos anos.
Até a última sexta-feira, segundo o BC, US$ 5,334 bilhões haviam ingressado no país -valor
que, se mantido até o final do mês,
será o mais alto já registrado pelo
BC desde 1998. Parte desse dinheiro foi comprado pelos bancos, o que explica a redução de
suas posições no câmbio.
Para o economista-chefe do
BNP Paribas, Alexandre Lintz, esses números indicam que, do
ponto de vista das contas externas, não há grandes pressões sobre o câmbio. O que deve acontecer daqui para a frente, segundo
ele, é uma diminuição no volume
de dólares trazido pela balança
comercial, devido à recuperação
da economia brasileira.
Em troca, deve aumentar o ingresso dos chamados recursos financeiros, que tenham como destino aplicações no mercado brasileiro. "Nenhum lugar do mundo
paga juros tão altos", argumentou
o economista-chefe do BNP Paribas para explicar o interesse dos
investidores estrangeiros no país.
O economista diz que decisões
recentes do governo, como a do
resgate antecipado de parte da dívida externa brasileira, ajudam a
consolidar esse cenário. A recompra de títulos no mercado internacional, conduzida pelo Tesouro
Nacional desde o mês passado,
ajuda a reduzir o risco-país.
O risco-país, por sua vez, é um
indicador da rentabilidade dos
papéis brasileiros negociados no
exterior. Com a queda dessa taxa,
os investidores são estimulados a
aplicar seus recursos no Brasil,
onde os juros são mais altos. Medidas como a isenção de Imposto
de Renda para estrangeiros que
apliquem em títulos públicos ajudam ainda mais a atrair capital
externo para o país.
Mal-estar no mercado
O dólar interrompeu a rota de
queda e registrou expressiva valorização ontem de 1,79%. A alta
-a maior em cerca de dois meses- levou a moeda a R$ 2,156.
Com a proximidade do feriado
de Carnaval, que fechará o mercado financeiro na segunda e na terça, a notícia de que os bancos diminuíram suas posições vendidas
em dólar nas últimas semanas fez
muitas instituições financeiras
ampliarem as compras de dólares
nos negócios da tarde de ontem.
"Muitos bancos começaram a
comprar mais dólares e reduzirem suas posições vendidas. O
mercado futuro indicava, no começo da noite, que o dólar deve
abrir em alta amanhã [hoje]",
afirma José Roberto Carreira, diretor da corretora Novação.
Os bancos estrangeiros tiveram
importante participação na ponta
de compra de dólares, segundo
operadores.
A Bolsa de Valores de São Paulo
chegou ao fim do pregão de ontem com baixa de 0,97%.
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