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Microsoft afirma que abrirá códigos do sistema Windows
Empresa decide compartilhar informações técnicas de programas para ganhar clientes
Site da empresa deverá oferecer o acesso aos dados;
medida poderá amenizar atrito com a União Européia,
que vê danos à concorrência
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Microsoft deu um passo
histórico ontem ao anunciar
que está abrindo boa parte dos
códigos e dos protocolos do
Windows, o sistema operacional que roda em 95% dos computadores do mundo.
Da sede da companhia, em
Redmond, nos EUA, o presidente Steve Ballmer, os vice-presidentes Bob Muglia e Brad
Smith e o chefe de Arquitetura
de Software, Ray Ozzie, anunciaram que, a partir das próximas semanas, quem quiser ter
acesso às 30 mil páginas técnicas do Windows poderá acessá-las pelo site da empresa.
"Essa mudança significa um
passo importante na forma como fornecemos as informações
de nossos produtos e serviços,"
afirma Ballmer. "Entendemos
que em uma era de convergência tecnológica devemos compartilhar as informações", diz.
Segundo Ballmer, a Microsoft divide informações há mais
de 33 anos com seus parceiros e
distribuidores ao redor do
mundo, inclusive no Brasil. O
objetivo com a mudança é permitir que eles possam criar novas frentes de negócios.
"Abrindo nossos produtos,
permitimos que surjam oportunidades de inovações e de
serviços de maior valor agregado", afirma Ray Ozzie.
De acordo com Ballmer, o segredo do Windows ainda ficará
mantido a sete-chaves. Para os
parceiros da Microsoft, aquelas
empresas que já fazem parte da
cadeia de venda e distribuição,
os códigos poderão ser acessados sem cobrança de royalties
ou de taxas.
Quem for explorar comercialmente as informações e não
pertencer ao grupo de parceiros terá de pagar. "Não será o
preço de uma licença, mas uma
pequena taxa", diz Ballmer.
As mudanças valerão para os
seguintes produtos da Microsoft: Windows Vista, incluindo
o .NET Framework, Windows
Server 2008, SQL Server 2008,
Office 2007, Exchange Server
2007, Office SharePoint Server
2007. As versões atualizadas
desses programas também serão abertas.
O prazo para a liberação desses conteúdos está previsto para durar quatro meses, terminando em junho.
Em busca de resultados
Analistas estrangeiros afirmam que o novo modelo de negócio da Microsoft se explica
pela pressão da UE (União Européia), que acusa a empresa de
eliminar a concorrência.
"Não acho que eles tomariam
uma decisão como essa sem
que a UE os pressionasse um
pouco", afirma Walter Pritchard, analista da Cowen & Co.
Apesar disso, a comissão antitruste da UE afirmou ontem
que o esforço da Microsoft não
encerra a questão. A empresa
ainda enfrenta riscos de penalidades por supostamente impedir a concorrência. Para evitar
o pior, a Microsoft concordou,
em 2007, em deixar seus programas compatíveis com fontes
abertas, como o Linux. Antes
isso não acontecia, o que garantia a exclusividade de seus produtos e serviços.
Outros especialistas acreditam que a pressão da UE contou, mas, na prática, valeu o
senso de oportunidade. "Essa
também foi uma decisão de negócio", afirma Nicholas Economides, professor da New York
University. "Parte do mercado
pede pela interoperabilidade."
A interoperabilidade é uma
tendência que exige dos desenvolvedores de software produtos que "conversem" entre si.
Segundo Maurício Cacique,
presidente da Associação de
Parceiros da Microsoft no Brasil, a partir de agora, as chances
de ganhar novos clientes são
maiores. "Estimaria um acréscimo mínimo de 10% no total
de clientes que podemos atender com essas novas possibilidades", afirma.
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