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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Milionários brasileiros vão à
Justiça dos EUA recuperar perdas
O Brasil chamou atenção,
nos últimos dois anos, ao entrar
no time de países com grande
crescimento no número de milionários. As fortunas que se
multiplicaram atingiram o
equivalente a meio PIB, só em
recursos aplicados no mercado
financeiro.
Advogados e gestores de fundos estimam que a crise tenha
corroído, em média, 40% desse
patrimônio. Esses recursos
pertencem a cerca de 200 mil
brasileiros que tinham pelo
menos US$ 1 milhão em aplicações no Brasil e no exterior.
O tombo foi maior no topo
dessa pirâmide. A maioria dos
clientes com mais de US$ 30
milhões aplicados optou por
multiplicar sua fortuna mais
rápido do que o normal, por
meio de alavancagem.
A operação permite, por
exemplo, usar recursos investidos como garantia para empréstimos. O dinheiro liberado
é então aplicado no mercado.
Com os ganhos, costumava-se
quitar o empréstimo e, assim,
as fortunas cresciam rápido.
Agora, esses milionários procuram escritórios de advocacia
para tentar diminuir as perdas.
Há exemplos de bancos que
não cumpriram procedimentos
legais e venderam os papéis para pagar os empréstimos dos
clientes brasileiros.
Alexandre Lindenbojm, sócio no Velloza, Girotto e Lindenbojm, assessora um brasileiro que tinha US$ 70 milhões
em títulos. Quando a crise engoliu 85% do valor de face desses papéis, o banco americano
vendeu a carteira por US$ 6 milhões e passou a cobrar US$
25,5 milhões do cliente, que tinha feito um empréstimo de
US$ 30 milhões dando os títulos como garantia.
"Não cumpriram o contrato",
diz Lindenbojm. "Por isso, estamos acionando a Justiça nos
EUA. Ele não teve chance de
pagar sua dívida." Segundo ele,
dez clientes enfrentam situações como essa. Juntos, perderam US$ 260 milhões. Um deles viu US$ 70 milhões virarem
pó com um fundo que investiu
com Bernard Madoff.
A quebra do Lehman Brothers afetou outros 24 clientes
brasileiros, que perderam de
US$ 5 milhões a US$ 30 milhões. "Muitos já eram clientes,
mas entramos nesses casos só
depois dos prejuízos já terem se
consolidado", diz Lindenbojm.
Segundo ele, meses antes da
crise, os bancos americanos começaram a oferecer títulos
com taxas de retorno que passaram rapidamente de 20% para 60% ao ano, em dólar. "Ninguém via isso como risco, porque não acreditava que instituições daquele porte fossem quebrar." Quebraram.
EM UMA TACADA
Ary Oswaldo Mattos Filho, diretor da Direito GV, estará à frente do lançamento simultâneo de mais de 25 livros sobre direito na quarta, em SP. Um deles é "Auto-Regulação e Desenvolvimento do Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro" (Saraiva), compilação de artigos produzidos por alunos de graduação da instituição que concorreram ao prêmio Bovespa-Direito GV.
ACORDO
Será assinado em 23 de abril,
em Buenos Aires, o acordo entre o BNDES e dois bancos oficiais argentinos para liberação
de crédito para empresários
brasileiros e do país vizinho.
BINACIONAL
A informação foi confirmada
anteontem pela ministra de
Produção da Argentina, Débora
Giorgi, durante seminário da
Semana da Argentina em SP.
OBRA-PRIMA
Homenageada na Feira de
Frankfurt de 2010, a Argentina
quer cem novos títulos traduzidos até o evento. Para isso, o governo disponibilizará
US$ 320 mil a editoras de todo
o mundo que queiram traduzir
e publicar obras argentinas.
BOTECO
O aplicativo para iPhone
Heineken teve, em três dias,
2.300 downloads e está entre
os top 10 do iTunes. Com a ferramenta criada pela Fischer, o
usuário descobre bares e restaurantes mais próximos.
BELEZA
A "Playboy" americana vai liberar, na internet, todo o conteúdo de suas revistas editadas
entre 1954 e 2007. A Bondi Digital levou cinco anos para digitalizar, na íntegra, o acervo.
ACESSÍVEL
Isso significa que, além de
ver musas de graça, os internautas poderão se dedicar a todos os artigos e anúncios da revista em papel, no www.playboyarchive.com.
CONTRA A MARÉ
A consultoria Bain & Company reuniu artigos de seus analistas sobre como as empresas devem atuar para sobreviver à crise e melhorar sua posição no mercado. Os textos compõem a série da Bain "Winning in Turbullence" e foram publicados pela "Harvard Business Publishing" neste mês.
FIEL E BARATO
Um dos textos diz que a lealdade dos clientes pode explicar por que mudanças de "market share" ocorrem durante crises. Em meio a cortes de custos, o cliente fidelizado sai barato -a aquisição de novos clientes inclui gastos com marketing e vendas. A mensagem, para Rodolfo Spielmann, sócio da Bain, é não relaxar no atendimento.
À VISTA
Na região metropolitana do
Rio, a intenção de consumo de
bens duráveis para os próximos
seis meses subiu de 30,6% para
33,4% de fevereiro de 2008 para fevereiro deste ano, segundo
a Fecomércio-RJ. A opção de
pagamento à vista desses bens
é a maior desde 2006 (42,2%).
Para a entidade, houve uma
mudança no comportamento
de consumo, e a preferência pelo parcelamento deu lugar ao
pagamento à vista.
DESEMBARQUE
Franco Finatti, secretário de
comércio, feiras e mercado da
região da Lombardia, na Itália,
desembarca em São Paulo nesta semana. Finatti participa de
evento na Fiesp e janta com
empresários do setor.
Associação de cinema tem novo diretor no Brasil
Marcos de Oliveira foi nomeado em fevereiro diretor-executivo das operações no
Brasil da Motion Picture Association, que representa os
principais estúdios de cinema dos EUA e faz campanha
mundial contra pirataria.
Oliveira vem da Twentieth
Century Fox Australia e tem
experiência de 13 anos à
frente de empresas de audiovisual, como Fox e Warner.
FOLHA - Pirataria tem solução?
MARCOS DE OLIVEIRA - É conscientização. As pessoas vão
incorporar. Tem gente que
acha que se dá bem porque vê
o filme antes dos outros. Jovem gosta de estar à frente,
mas por outro lado não gosta
de ser "fake". Quer ser original. Há um movimento recente de rejeição à pirataria.
FOLHA - O Brasil tem solução?
OLIVEIRA - O Brasil tem saída.
Se vai sair da pirataria completamente, não sei. Está
longe de uma situação boa,
mas não está perdido.
FOLHA - Quem está perdido?
OLIVEIRA - Na Coreia, não há
mais DVD. Ou se baixa pela
internet, ou se vai ao cinema.
O México também está mal.
Em alguns países, a luta está
quase perdida. Mas o Brasil
ainda tem agenda positiva.
CARDÁPIO
Novo sócio do Pandoro, o chef Guilherme Crissiuma -que atuou por quatro anos no Leopolldo- entra para tocar os planos de expansão da marca. Para os próximos meses, já estão previstas inaugurações de uma padaria, aberta 24h e anexa à casa, e de um espaço para eventos. No longo prazo há planos para uma charutaria e para a expansão para fora do Estado de São Paulo. Crissiuma afirma que já está em negociação para levar o Pandoro para Natal (RN).
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