São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Milionários brasileiros vão à Justiça dos EUA recuperar perdas

O Brasil chamou atenção, nos últimos dois anos, ao entrar no time de países com grande crescimento no número de milionários. As fortunas que se multiplicaram atingiram o equivalente a meio PIB, só em recursos aplicados no mercado financeiro.
Advogados e gestores de fundos estimam que a crise tenha corroído, em média, 40% desse patrimônio. Esses recursos pertencem a cerca de 200 mil brasileiros que tinham pelo menos US$ 1 milhão em aplicações no Brasil e no exterior.
O tombo foi maior no topo dessa pirâmide. A maioria dos clientes com mais de US$ 30 milhões aplicados optou por multiplicar sua fortuna mais rápido do que o normal, por meio de alavancagem.
A operação permite, por exemplo, usar recursos investidos como garantia para empréstimos. O dinheiro liberado é então aplicado no mercado. Com os ganhos, costumava-se quitar o empréstimo e, assim, as fortunas cresciam rápido.
Agora, esses milionários procuram escritórios de advocacia para tentar diminuir as perdas. Há exemplos de bancos que não cumpriram procedimentos legais e venderam os papéis para pagar os empréstimos dos clientes brasileiros.
Alexandre Lindenbojm, sócio no Velloza, Girotto e Lindenbojm, assessora um brasileiro que tinha US$ 70 milhões em títulos. Quando a crise engoliu 85% do valor de face desses papéis, o banco americano vendeu a carteira por US$ 6 milhões e passou a cobrar US$ 25,5 milhões do cliente, que tinha feito um empréstimo de US$ 30 milhões dando os títulos como garantia.
"Não cumpriram o contrato", diz Lindenbojm. "Por isso, estamos acionando a Justiça nos EUA. Ele não teve chance de pagar sua dívida." Segundo ele, dez clientes enfrentam situações como essa. Juntos, perderam US$ 260 milhões. Um deles viu US$ 70 milhões virarem pó com um fundo que investiu com Bernard Madoff.
A quebra do Lehman Brothers afetou outros 24 clientes brasileiros, que perderam de US$ 5 milhões a US$ 30 milhões. "Muitos já eram clientes, mas entramos nesses casos só depois dos prejuízos já terem se consolidado", diz Lindenbojm.
Segundo ele, meses antes da crise, os bancos americanos começaram a oferecer títulos com taxas de retorno que passaram rapidamente de 20% para 60% ao ano, em dólar. "Ninguém via isso como risco, porque não acreditava que instituições daquele porte fossem quebrar." Quebraram.

EM UMA TACADA
Ary Oswaldo Mattos Filho, diretor da Direito GV, estará à frente do lançamento simultâneo de mais de 25 livros sobre direito na quarta, em SP. Um deles é "Auto-Regulação e Desenvolvimento do Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro" (Saraiva), compilação de artigos produzidos por alunos de graduação da instituição que concorreram ao prêmio Bovespa-Direito GV.

ACORDO
Será assinado em 23 de abril, em Buenos Aires, o acordo entre o BNDES e dois bancos oficiais argentinos para liberação de crédito para empresários brasileiros e do país vizinho.

BINACIONAL
A informação foi confirmada anteontem pela ministra de Produção da Argentina, Débora Giorgi, durante seminário da Semana da Argentina em SP.

OBRA-PRIMA
Homenageada na Feira de Frankfurt de 2010, a Argentina quer cem novos títulos traduzidos até o evento. Para isso, o governo disponibilizará US$ 320 mil a editoras de todo o mundo que queiram traduzir e publicar obras argentinas.

BOTECO
O aplicativo para iPhone Heineken teve, em três dias, 2.300 downloads e está entre os top 10 do iTunes. Com a ferramenta criada pela Fischer, o usuário descobre bares e restaurantes mais próximos.

BELEZA
A "Playboy" americana vai liberar, na internet, todo o conteúdo de suas revistas editadas entre 1954 e 2007. A Bondi Digital levou cinco anos para digitalizar, na íntegra, o acervo.

ACESSÍVEL
Isso significa que, além de ver musas de graça, os internautas poderão se dedicar a todos os artigos e anúncios da revista em papel, no www.playboyarchive.com.

CONTRA A MARÉ
A consultoria Bain & Company reuniu artigos de seus analistas sobre como as empresas devem atuar para sobreviver à crise e melhorar sua posição no mercado. Os textos compõem a série da Bain "Winning in Turbullence" e foram publicados pela "Harvard Business Publishing" neste mês.

FIEL E BARATO
Um dos textos diz que a lealdade dos clientes pode explicar por que mudanças de "market share" ocorrem durante crises. Em meio a cortes de custos, o cliente fidelizado sai barato -a aquisição de novos clientes inclui gastos com marketing e vendas. A mensagem, para Rodolfo Spielmann, sócio da Bain, é não relaxar no atendimento.

À VISTA
Na região metropolitana do Rio, a intenção de consumo de bens duráveis para os próximos seis meses subiu de 30,6% para 33,4% de fevereiro de 2008 para fevereiro deste ano, segundo a Fecomércio-RJ. A opção de pagamento à vista desses bens é a maior desde 2006 (42,2%). Para a entidade, houve uma mudança no comportamento de consumo, e a preferência pelo parcelamento deu lugar ao pagamento à vista.

DESEMBARQUE
Franco Finatti, secretário de comércio, feiras e mercado da região da Lombardia, na Itália, desembarca em São Paulo nesta semana. Finatti participa de evento na Fiesp e janta com empresários do setor.

Associação de cinema tem novo diretor no Brasil

Marcos de Oliveira foi nomeado em fevereiro diretor-executivo das operações no Brasil da Motion Picture Association, que representa os principais estúdios de cinema dos EUA e faz campanha mundial contra pirataria. Oliveira vem da Twentieth Century Fox Australia e tem experiência de 13 anos à frente de empresas de audiovisual, como Fox e Warner.

 


FOLHA - Pirataria tem solução?
MARCOS DE OLIVEIRA - É conscientização. As pessoas vão incorporar. Tem gente que acha que se dá bem porque vê o filme antes dos outros. Jovem gosta de estar à frente, mas por outro lado não gosta de ser "fake". Quer ser original. Há um movimento recente de rejeição à pirataria.

FOLHA - O Brasil tem solução?
OLIVEIRA - O Brasil tem saída. Se vai sair da pirataria completamente, não sei. Está longe de uma situação boa, mas não está perdido.

FOLHA - Quem está perdido?
OLIVEIRA - Na Coreia, não há mais DVD. Ou se baixa pela internet, ou se vai ao cinema. O México também está mal. Em alguns países, a luta está quase perdida. Mas o Brasil ainda tem agenda positiva.

CARDÁPIO

Novo sócio do Pandoro, o chef Guilherme Crissiuma -que atuou por quatro anos no Leopolldo- entra para tocar os planos de expansão da marca. Para os próximos meses, já estão previstas inaugurações de uma padaria, aberta 24h e anexa à casa, e de um espaço para eventos. No longo prazo há planos para uma charutaria e para a expansão para fora do Estado de São Paulo. Crissiuma afirma que já está em negociação para levar o Pandoro para Natal (RN).


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