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BC inglês socorre bancos com US$ 100 bi
Para aliviar crise de crédito, pacote permite que instituições financeiras troquem papéis hipotecários de alto risco por títulos públicos
Ajuda dos bancos centrais é alvo de críticas por envolver o chamado risco moral de salvar instituições que se arriscaram em excesso
Suzanne Plunkett - 10.abr.08/Bloomberg
| Sede do Banco da Inglaterra, que anunciou pacote ontem |
DA REDAÇÃO
O Banco da Inglaterra anunciou um pacote no valor mínimo de US$ 100 bilhões (50 bilhões de libras) para socorrer o sistema financeiro britânico,
em uma das intervenções mais
diretas de um banco central para manter a confiança do mercado em meio à crise global de
crédito. A instituição disse esperar que a injeção de recursos,
a ser feita por uma operação de
troca de ativos, possa aumentar
a liquidez e aliviar as restrições
no mercado de hipotecas, que
tornaram mais caros os financiamentos imobiliários.
O pacote permite aos bancos
trocarem títulos hipotecários
de alto risco por títulos do governo, mais seguros e mais facilmente comercializáveis.
"Como os mercados para
muitos papéis encontram-se
fechados, os bancos possuem
em seus balanços um "excesso"
desses papéis, os quais não conseguem vender ou oferecer como garantia para levantar fundos", explicava nota divulgada
pelo Banco da Inglaterra.
O presidente da instituição,
Mervyn King, ressaltou que irá
proceder com a operação mesmo que seja necessário dispor
de mais de 50 bilhões de libras.
O plano recebeu o apoio do
Tesouro britânico e da associação dos bancos, que o qualificou como "inovador" e "único".
Por outro lado, analistas disseram que, embora a medida
possa produzir efeitos positivos no curto prazo, as restrições na troca de ativos poderão
diminuir a demanda das instituições financeiras. Para se beneficiarem do pacote, os bancos terão de oferecer ao Banco
da Inglaterra ativos de valor
significativamente maior do
que os títulos do governo.
"Isso não sanará os males já
provocados à economia", afirmou Alan Clarke, economista
do BNP Paribas. "Talvez consiga apenas impedir que as coisas
fiquem ainda piores."
O plano anunciado ontem
vem na seqüência de outras iniciativas do Banco da Inglaterra
para enfrentar o impacto da
crise de crédito. Desde dezembro, a instituição cortou a taxa
de juros três vezes, de 5,75%
para 5%, e forneceu liquidez de
emergência para os bancos.
Em fevereiro, o governo do
Reino Unido nacionalizou temporariamente o Northern
Rock, a quinta maior instituição de financiamento do país,
atingida pela crise bancária e
alvo de uma corrida dos clientes às agências para saques.
Risco moral
No mês passado, o Fed (Federal Reserve, o banco central
americano) anunciou socorro
semelhante aos bancos dos
EUA, com leilões semanais para instituições financeiras de
até US$ 200 bilhões em títulos
do Tesouro, considerados os
mais seguros do mundo. Em
troca, o Fed passou a aceitar como garantia até os arriscados
títulos lastreados em hipotecas
"subprime" (para pessoas com
histórico ruim de pagamento),
a origem da crise financeira.
O socorro dado aos bancos
privados é alvo de críticas de
economistas sobre o que chamam de "moral hazard" (risco
moral) dos bancos centrais de
salvarem investidores e instituições que se arriscaram em
excesso em busca de lucro.
Com agências internacionais
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