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Canaviais crescem com avanço sobre pastos
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Os canaviais no país avançam
sim, mas não sobre o espaço
usado para o plantio de outras
lavouras. É o que se infere do
cruzamento da evolução da
área usada pela agropecuária
no país. De 2001 a 2007, os
plantios cresceram 24%, para
63,1 milhões de hectares, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números incluem,
além da cana-de-açúcar, culturas perenes como café, cacau e
laranja.
Proporcionalmente, a cana
cresceu bem mais, 54% -para
7,7 milhões de hectares. O aumento de 2,7 milhões de hectares equivale justamente ao que
a pecuária perdeu nesta década. Segundo estimativa da Scot
Consultoria, a partir de dados
do IBGE, o cultivo de pastagens
encolheu de 179,2 milhões para
176,5 milhões de hectares. De
2001 a 2007, a área com soja
passou de 13,9 milhões para
mais de 22 milhões de hectares.
A de milho, de 12 milhões para
14 milhões de hectares.
"A cana tem avançado sobre
a área de pastagem degradada",
diz Fabiano Tito Rosa, analista
da Scot Consultoria. "Para o
Brasil, a discussão dos organismos multilaterais da ONU
[FAO, FMI e Banco Mundial,
sobre a hipótese de o plantio de
biocombustíveis roubar espaço
da produção de alimentos básicos] não se aplica", afirma.
A redução de área da pecuária vem sendo contornada pela
intensificação da produção, diz
Sérgio Torquato, pesquisador
do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. De 2001 a
2007, enquanto a área de pastagens recuou 1,5%, o peso total
de carcaças de bovinos abatidos
aumentou 61,9%, para 7,012
milhões de toneladas, diz Guilherme Bellotti de Melo, pesquisador do Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP).
Para Fabiano Rosa, da Scot, o
inconveniente do avanço da cana sobre as pastagens é o deslocamento dos rebanhos para o
norte. Depois da exploração da
madeira, as áreas desmatadas
costumam ser ocupadas com o
gado de corte.
Por ser uma atividade extensiva, que demanda espaço, o boi
"procura" terra barata, em geral localizada nas regiões de
fronteira agrícola, afirma José
Vicente Ferraz, diretor técnico
da consultoria AgraFNP.
Para evitar o desmatamento,
Fabiano Rosa, da Scot, defende
mais fiscalização e crédito para
os pecuaristas adotarem mais
tecnologia. Com isso, seria possível demandar menos pastagens para criação.
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