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FINANÇAS
Em abril, juro médio dos emergentes era de 3,8%, contra 9,6% no Brasil; país está entre os líderes do ranking há quatro anos
BC decide taxa hoje, mas juro real já subiu
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo depois dos dois cortes
de juros básicos deste ano e da
posterior estabilização da meta da
taxa de juros definida pelo Banco
Central os juros reais continuam
subindo e estão à beira de atingir
os dois dígitos. A taxa básica de
juros real é a taxa básica do Banco
Central, descontada a inflação. Isso significa que, sem o BC tomar
atitude alguma, o governo está
pagando juros maiores para financiar sua dívida. Hoje o BC divulga se muda ou não sua meta de
juros básicos para a economia.
Segundo pesquisa da consultoria Global Invest, que abrange 40
países, no final de abril o juro real
no Brasil era de 9,6% ao ano, contra os 8,9% do final de 2001. Essa
taxa só é menor que a da Polônia.
De acordo com Fernando Pinto
Ferreira, diretor da Global Invest,
mesmo que o Banco Central opte
por uma redução dos juros nos
próximos meses, a tendência é
que a taxa real no Brasil continue
crescendo e leve o país para o primeiro lugar do ranking no final de
junho ou julho.
A metodologia da Global Invest
leva em consideração as taxas básicas de juros nominais praticadas nos últimos 12 meses, descontadas da inflação do mesmo período. Como existe uma expectativa de inflação declinante e de
pouca alteração na Selic, em junho ou julho a taxa real no Brasil
deverá chegar a 10% ao ano. A última vez em que o país esteve em
primeiro lugar no ranking e com
dois dígitos de taxa de juros foi
em janeiro de 2001.
Brasil, sempre na liderança
A taxa real brasileira, além de
estar entre as mais elevadas, também está destoando do rumo que
os juros têm tomado em outros
países emergentes. Enquanto a
nossa taxa está subindo, a dos demais está caindo.
No final de abril, a taxa média de
juro real praticada entre os 23 países emergentes que entram no levantamento da Global foi de apenas 3,8% ao ano. Esse número é o
menor já registrado pela pesquisa
em seus quatro anos de existência. A taxa básica nominal dessa
categoria também está no ponto
mais baixo: 10,3% ao ano.
Outro dado que chama a atenção é que nenhum país, além do
Brasil, tem ocupado ininterruptamente os primeiros lugares no
ranking nos quatro anos da pesquisa. "Nesse período, a melhor
posição que ocupamos foi um
quarto lugar", afirma Ferreira.
A análise que Ferreira faz é que,
enquanto em outros países uma
política de juros elevados só é utilizada esporadicamente, para defender a economia por períodos
curtos, no Brasil, tornou-se um
instrumento permanente de controle monetário.
Já na Polônia, além de o país ter
superado um período de deflação,
o juro básico nominal tem sofrido
cortes significativos. Há um ano,
era de 17,2% ao ano; em abril, de
10,2%. "A taxa real da Polônia só
está tão alta porque o seu resultado está sendo influenciado pelos
elevados juros praticados até o
fim de 2001", explica Ferreira.
Neste ano, a taxa básica nominal da Polônia mais alta foi de
10,8% ao ano. Já no Brasil, oscilou
entre 19% e 18,5% ao ano.
De acordo com Ferreira, Colômbia, Indonésia, Tailândia, Malásia, Hungria, África do Sul e República Tcheca são exemplos de
países com fundamentos piores do que os do Brasil, mas que praticam juros mais baixas.
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