|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diferença do título dos EUA explica risco-país
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco de investir num país é
medido pelos investidores estrangeiros pela diferença entre os juros pagos por seus títulos e os juros pagos pelos papéis do governo
norte-americano.
Os títulos públicos dos Estados
Unidos são considerados os papéis mais seguros no mercado
global. Assim, eles se tornaram referência para medir o risco dos
demais países.
A lógica é que, quanto mais arriscado for investir em um título
brasileiro, maiores serão os juros
que um investidor exige para
abandonar um título do governo
dos EUA e comprar um papel do
governo brasileiro.
Se a dívida pública brasileira aumenta muito, por exemplo, a percepção dos investidores é que o
país pode ter problemas para pagá-la e, portanto, fica mais arriscado investir nos títulos públicos
brasileiros. O efeito imediato é
uma queda do valor pelo qual os
títulos do país são negociados no
mercado internacional.
Alto risco
Assim, se um investidor avalia
que apenas uma taxa de juros de
10% ao ano compensa o alto risco
que ele corre investindo em papéis brasileiros, ele só pagará US$
100 por um título que, daqui a 12
meses, poderá ser resgatado por
US$ 110. Se a taxa de juros dos títulos americanos fosse de 2% no
mesmo período, o risco-país do
Brasil seria de oito pontos percentuais -ou 800 pontos básicos, no
jargão do mercado financeiro.
A alta do risco-país tem vários
efeitos negativos. O primeiro é
que, caso precise refinanciar sua
dívida com o risco em alta, o Brasil terá que pagar juros maiores.
Empresas
Com raras exceções, as empresas brasileiras também acabam
sendo afetadas. A maioria das
companhias que recorrem ao crédito externo vê sua avaliação de
crédito piorar quando se deteriora a percepção de risco em relação
ao país em que atuam.
Assim, aumenta o custo de financiamento do governo e das
empresas. Com custo maior, as
empresas privadas tendem a recorrer menos a empréstimos em
dólares, o que reduz as captações
e a entrada de recursos no país.
Menos dólares no mercado causam desvalorização do real, que
pode resultar na alta dos preços
de produtos importados e alimentar a inflação, impedindo a
queda dos juros internos.
Texto Anterior: Risco-país impacta mais que Selic Próximo Texto: Opinião Econômica - Antonio Barros de Castro: Nem laranja, nem socialismo, nem big-bang Índice
|