São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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Diferença do título dos EUA explica risco-país

DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de investir num país é medido pelos investidores estrangeiros pela diferença entre os juros pagos por seus títulos e os juros pagos pelos papéis do governo norte-americano.
Os títulos públicos dos Estados Unidos são considerados os papéis mais seguros no mercado global. Assim, eles se tornaram referência para medir o risco dos demais países.
A lógica é que, quanto mais arriscado for investir em um título brasileiro, maiores serão os juros que um investidor exige para abandonar um título do governo dos EUA e comprar um papel do governo brasileiro.
Se a dívida pública brasileira aumenta muito, por exemplo, a percepção dos investidores é que o país pode ter problemas para pagá-la e, portanto, fica mais arriscado investir nos títulos públicos brasileiros. O efeito imediato é uma queda do valor pelo qual os títulos do país são negociados no mercado internacional.

Alto risco
Assim, se um investidor avalia que apenas uma taxa de juros de 10% ao ano compensa o alto risco que ele corre investindo em papéis brasileiros, ele só pagará US$ 100 por um título que, daqui a 12 meses, poderá ser resgatado por US$ 110. Se a taxa de juros dos títulos americanos fosse de 2% no mesmo período, o risco-país do Brasil seria de oito pontos percentuais -ou 800 pontos básicos, no jargão do mercado financeiro.
A alta do risco-país tem vários efeitos negativos. O primeiro é que, caso precise refinanciar sua dívida com o risco em alta, o Brasil terá que pagar juros maiores.

Empresas
Com raras exceções, as empresas brasileiras também acabam sendo afetadas. A maioria das companhias que recorrem ao crédito externo vê sua avaliação de crédito piorar quando se deteriora a percepção de risco em relação ao país em que atuam.
Assim, aumenta o custo de financiamento do governo e das empresas. Com custo maior, as empresas privadas tendem a recorrer menos a empréstimos em dólares, o que reduz as captações e a entrada de recursos no país.
Menos dólares no mercado causam desvalorização do real, que pode resultar na alta dos preços de produtos importados e alimentar a inflação, impedindo a queda dos juros internos.



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