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CONJUNTURA
Instituto oficial de economia rebaixa crescimento de 2,5% para 2%
Indústria cresce em abril, mas Ipea prevê PIB menor
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Apesar da queda de março, a indústria voltou a crescer em abril,
segundo projeções do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). De acordo com o indicador Ipea, a produção industrial em
abril cresceu 1,7% (índice dessazonalizado) contra março e 4,5%
contra abril do ano passado.
Apesar de os números do Ipea
mostrarem que a indústria voltou
a mostrar recuperação em abril, o
instituto revisou para baixo suas
projeções de crescimento da economia para este ano. A previsão
de Ipea, que antes era de um crescimento de 2,5% para o PIB em
2002, caiu para 2%.
O economista Paulo Levy, coordenador de conjuntura do Ipea e
responsável por esses cálculos, diz
que essa revisão se deve a dois fatores. Em primeiro lugar, ao fato
de a queda da produção industrial
no último trimestre do ano passado ter sido muito maior do que ele
tinha previsto. De acordo com o
IBGE, a indústria caiu 5,48% nos
últimos três meses do ano passado.
Segundo o economista do Ipea,
esse resultado do ano passado irá
exigir da indústria um esforço
maior na sua recuperação. Como
o impulso da economia foi pequeno, o PIB deverá apresentar um
crescimento menor.
Outro fato importante, segundo
Levy, foi o fato de o Banco Central
ter interrompido o processo de
redução dos juros básicos da economia. Segundo o economista, os
juros têm efeito principalmente
sobre a expectativa dos agentes
econômicos.
Em função disso, a indústria
caiu 1,6% no primeiro trimestre
deste ano em relação ao mesmo
período de 2001. O Ipea previa anteriormente uma queda de 0,6%.
Já para os outros trimestres, o
Ipea prevê um salto na recuperação da indústria. No segundo trimestre, a projeção é de uma alta
de 2%. Para o terceiro, de 3%, e no
quarto, de 4,5%.
Segundo Levy, os números da
indústria, a partir de agora, deverão ser expressivos. No ano passado, não se pode esquecer que a
produção industrial foi fortemente influenciada pelo racionamento de energia.
Além disso, de acordo com o
Ipea, a queda dos juros na economia deverá se acelerar no segundo
semestre deste ano.
Para esses cálculos, o Ipea toma
como base algumas premissas.
Em primeiro lugar, que a economia internacional, em especial os
Estados Unidos, continuam seu
processo de recuperação. Além
disso, a inflação no Brasil, ainda
que pressionada, mantém uma
perspectiva de queda. E a política
fiscal deve atingir as metas traçadas para o ano.
Levy avalia que houve precipitação dos analistas em dar como encerrado o processo de recuperação da indústria a partir dos números de março do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o IBGE, a
indústria em março caiu 3,8% em
comparação com o mesmo mês
do ano anterior.
Levy explicou que o resultado
de março da indústria foi fortemente influenciado pelo menor
número de dias úteis deste ano.
Como o feriado da Semana Santa
neste ano caiu em março, o mês
teve 22 dias úteis, contra 20 de
março de 2001.
Já no mês passado, Levy observa que ocorreu o contrário, já que
a Semana Santa de 2001 caiu exatamente em abril. Ou seja, abril
deste ano teve dois dias úteis a
mais, o que explica o fato de a indústria ter apresentado uma alta
expressiva de 4,5% contra o mesmo mês do ano anterior.
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