São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BB espera adquirir Nossa Caixa "brevemente"

Anúncio ocorre um dia após encontro Serra-Lula; Febraban se diz surpresa com acordo que ampliaria liderança do BB

Presidente do BB diz que iniciativa partiu do banco federal; comunicado à CVM não menciona manutenção de empregos na Nossa Caixa


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil informou ontem que deu início a negociações para incorporar a Nossa Caixa, banco controlado pelo Estado de São Paulo. O BB não falou em prazos, mas afirma que espera que essas conversas possam, "brevemente", acabar na união dos dois bancos.
O presidente do BB, Antônio Lima Neto, disse que a iniciativa do negócio partiu do próprio BB, que procurou o governo de São Paulo para iniciar as negociações. Lima Neto disse, porém, que nesse estágio inicial as conversas seguirão um "cronograma absolutamente técnico" e negou que já tenha tratado do assunto com o governador José Serra (PSDB).
Um dia antes de o acordo ser anunciado, Serra e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram de eventos públicos em São Paulo e trocaram elogios. Comunicado enviado em conjunto pelo BB e pela Nossa Caixa à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ressalta a necessidade de autorização da Assembléia Legislativa paulista para que o negócio seja efetivamente concretizado.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) reagiu com surpresa diante do anúncio.
Segundo ranking elaborado pelo Banco Central no final de 2007, o BB é a maior instituição financeira do país, com ativos de R$ 358 bilhões. A Nossa Caixa ocupa a 12ª colocação nessa lista, com ativos de R$ 47 bilhões. Se confirmado, o negócio faria com que o BB abrisse uma maior distância em relação ao Itaú, segundo maior banco naquele momento, com ativos de R$ 289 bilhões.
Em 2007, a Nossa Caixa teve lucro de R$ 303 milhões. O BB apurou ganhos de R$ 5 bilhões.
Com 682 agências em São Paulo, o BB é hoje o quarto maior banco no Estado mais rico do país por esse critério, segundo informações do próprio banco federal. Na liderança, estão Bradesco, Itaú e Santander -que obteve essa posição após a compra do Banespa do governo Covas, em 2000. A Nossa Caixa está na quinta posição, com 552 agências no Estado.
Somadas, as agências dos bancos superariam as 1.022 mantidas pelo Bradesco, mas é possível que, concretizada a união, alguns pontos de atendimento comuns às duas instituições possam ser fechados.
O documento enviado à CVM informa que a transação "deverá preservar adequadamente os interesses do público relacionado das companhias envolvidas, incluindo empregados, correntistas, acionistas e outros parceiros", mas não fala em demissões nem na manutenção da marca Nossa Caixa.
Segundo Lima Neto, "o desafio central é manter o BB como um concorrente importante no mercado bancário" e, para atingir esse objetivo, seria importante "reforçar a atuação no Estado de São Paulo".
A Nossa Caixa não é o primeiro banco a interessar ao BB, que no ano passado já incorporou o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), em negociação que envolveu o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Nos últimos meses, vem negociando também a compra do BRB (Banco de Brasília) com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM).
Lima Neto afirma que, além dessas incorporações, a estratégia de crescimento do BB envolve a atuação em novos mercados, como o de crédito imobiliário e o do financiamento de veículos, segmentos em que o banco não operava até pouco tempo atrás e que têm registrado altas taxas de crescimento.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Serra e Lula negociam desde início do ano; presidente quer garantir boa relação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.