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LUÍS NASSIF
A maturidade da siderurgia
Na próxima segunda-feira,
o grande novelo das participações acionárias cruzadas
no setor siderúrgico poderá
começar a se desenrolar. De
um lado, a Previ -o fundo de
pensão dos funcionários do
Banco do Brasil- poderá começar a desenrolar um dos
grandes novelos do mercado
de capitais brasileiro: a série
de participações cruzadas que
tem no setor siderúrgico. Esse
mesmo movimento está sendo
conduzido no âmbito da
Companhia Vale do Rio Doce
-outro grande acionista do
setor. De outro, vence o prazo
para a Acesita avaliar a proposta feita pela Usinor.
Esse lance ocorre em um
momento de profundas alterações no cenário. A privatização gerou uma primeira
etapa, que foi da reestruturação das companhias privatizadas. Agora, entra-se na segunda, que é a fase do amadurecimento, quando os grupos começam a pensar processos de fusão e incorporação,
buscando ganhos de escala.
Da parte da Previ, a intenção é definir uma estrutura
acionária menos complexa,
que permita maximizar os investimentos. Da parte da Vale, definir sua vocação de maneira mais clara. A empresa
foi subdividida em cinco unidades de negócio, das quais
pelo menos três apresentam
problemas:
Papel e celulose - A Bahia
Sul é uma empresa no chamado estado da arte. Mas entrou
em operação em um período
de baixa nas cotações internacionais de celulose, resultando daí endividamento
oneroso.
Alumínio - O projeto Albrás
já nasceu endividado. Na época, a Vale estava em grandes
negociações com capitais japoneses, e sua entrada no projeto deveu-se a contrapartidas
comerciais. Resultou um acordo de acionistas que exige
aprovação unânime para cada medida, emperrando a
reestruturação.
Siderurgia - A Vale entrou
no setor por conta de crédito
junto à extinta Siderbrás, utilizado nos leilões de privatização. Acabou participando
da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), Companhia
Siderúrgica de Tubarão (CST)
e Açominas.
Obviamente, nada que
ameace a solidez da Vale.
Fator Acesita
Nesse quadro de reestruturações entra a Acesita. Única
empresa controlada pelos
fundos de pensão -a Previ
tem 23% do capital-, a Acesita acabou sucumbindo a
uma estratégia atrevida, de
assumir a liderança no setor
siderúrgico.
A empresa tinha US$ 500
milhões de passivos e levantou mais US$ 514 milhões para ingressar em um processo
de superinvestimento que a
levou a adquirir participações
na Sifco, Villares e forjarias
pequenas, além da CST.
Hoje em dia encontra-se em
um quadro de quase insolvência técnica. É companhia
pequena, que produz produtos de alta qualidade, mas
sem escala, em um mercado
com superoferta global.
Dias atrás, o presidente da
Acesita, Wilson Brunner,
anunciou acordo de negociação com a Usinor, grupo francês que fatura US$ 15 bilhões/ano, muito forte em
aços especiais. A idéia é uma
injeção de US$ 260 milhões
no capital da Acesita, e US$
385 milhões para adquirir
metade da participação da
Acesita na CST.
Fator CST
O que está em jogo, mais do
que a Acesita, é a própria
CST. A empresa fabrica placas -o produto mais básico
da cadeia siderúrgica-, com
uma das melhores qualidades
e preços do mundo. Ela foi
concebida para produzir 12
milhões de toneladas e hoje
produz 4,5 milhões -demonstrando espaço para expansão. Quem adquirir a CST
habilita-se a se tornar forte
concorrente da CSN e da Usiminas.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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