São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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Governo estuda isolar área sem transgênicos

FABÍOLA SALANI
ENVIADA ESPECIAL A STUTTGART

Se houver uma diferença maior no preço pago pela soja convencional em relação à cotação da soja transgênica, o Brasil está disposto a fazer uma legislação separando áreas para produção exclusiva desse produto e a segregar portos para a exportação da oleaginosa sem modificação genética.
A informação foi passada ontem pelo secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Mário Mugniani, na Alemanha, durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha.
Antes dele, o vice-ministro de Defesa do Consumidor, Agricultura e Alimentos alemão, Matthias Berninger, dissera que há uma tendência em seu país para o consumo de soja convencional. "O Brasil é o único grande produtor mundial com condições de atender à demanda de soja sem modificação genética", afirmou Berninger.
No Brasil, o plantio de soja geneticamente modificada está liberado apenas para a safra atual. Na próxima, pela legislação vigente, o plantio teria de ser integralmente de soja convencional.
Mas já está em curso o estudo de fazer a separação efetiva da produção convencional da transgênica, segundo afirmou Carlo Lovatelli, da Abiove (entidade do setor de soja e óleos vegetais). "É viável fazer essa separação, mas tem que ocorrer em duas ou três safras, para que não haja mistura efetiva com a soja modificada." O setor quer liberar em definitivo o plantio de soja geneticamente modificada no país.
Segundo Lovatelli, essa segregação de áreas de plantio e de portos pode ser feita se o preço assegurado para a soja convencional for maior que o pago pela transgênica. "Para compensar o custo maior de produção", disse.
Berninger disse não poder garantir, como governo, uma remuneração maior pelo produto sem modificação, mas acha que há disposição do mercado em pagar mais.
O presidente da Abiove citou as áreas em que o plantio da soja convencional nessas condições é viável: "Do Centro-Oeste para cima e no platô do cerrado baiano", disse. Citou o porto de Vitória (ES) como um dos que poderiam ser usados para exportar o produto sem modificações.


A jornalista Fabíola Salani viaja a convite da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.


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