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ENDIVIDAMENTO
Pela 1ª vez desde 94, governo coloca no mercado internacional papel que paga a variação da taxa Libor
País emite US$ 750 mi com juros "flutuantes"
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez desde 1994, o
governo brasileiro emitiu ontem
títulos pós-fixados no mercado
internacional para financiar sua
dívida externa. O empréstimo foi
de US$ 750 milhões e tem prazo
de vencimento de cinco anos.
Os papéis lançados pelo país pagarão aos investidores juros de
5,75% ao ano, mais a variação da
Libor, taxa utilizada como referência para esse tipo de operação
no mercado externo. Atualmente,
isso equivale a 7,31% ao ano.
Na prática, a emissão de títulos
pós-fixados favorece os investidores no caso de uma alta dos juros
no exterior, pois, nesse cenário, o
país irá pagar mais pela dívida
contraída ontem.
Na semana que vem, por exemplo, o Federal Reserve (o banco
central dos EUA) decide se eleva
ou não os juros norte-americanos, que estão em 1% ao ano. A
expectativa é que as taxas subam
para conter pressões inflacionárias no país. O lançamento de títulos pós-fixados protege os investidores dessas variações nas taxas.
Desde 1994, quando foi encerrada a reestruturação da dívida decorrente da moratória dos anos
80, o país só emitia títulos prefixados no exterior -ou seja, papéis
cujos juros são conhecidos desde
a data de seu lançamento. O Banco Central, responsável pela transação, não comentou a razão de
adotar esse mecanismo.
A transação de ontem foi intermediada pelos bancos Goldman
Sachs e Merrill Lynch.
Foi a segunda emissão de títulos
da dívida externa feita pelo Brasil
neste ano. Em janeiro, o país havia lançado papéis no valor de
US$ 1,5 bilhão. Esses títulos têm
prazo de 30 anos e pagam juros de
8,75% ao ano. Naquela ocasião, a
situação do mercado internacional era mais tranqüila. O risco
Brasil, na época, estava em torno
de 400 pontos -ou seja, os juros
pagos pelo Brasil no exterior estavam quatro pontos percentuais
acima dos pagos pelos EUA. Nas
últimas semanas, o risco ultrapassou os 600 pontos.
De acordo com o BC, o governo
irá lançar, neste ano, US$ 4 bilhões em títulos da dívida externa.
Com as duas operações já fechadas até agora, resta, portanto, US$
1,75 bilhão em bônus a ser lançado pelo país até dezembro.
O dinheiro captado pela emissão de títulos no mercado externo
é depositado nas reservas internacionais do país. As reservas são
usadas para pagar os juros e as
parcelas da dívida externa.
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