São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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IBGE aponta estagnação no mercado de trabalho

Desemprego fica em 10,1% pelo 3º mês; instituto vê falta de dinamismo na economia

Economista do Ipea afirma que taxa ainda não cedeu porque cresceu número de pessoas em busca de emprego; renda sobe 3,9%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em maio, pelo terceiro mês consecutivo, a taxa de desemprego das principais regiões metropolitanas do país ficou estável em 10,1%, o que mostra uma estagnação do mercado de trabalho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em maio de 2006, havia sido de 10,2%.
"A falta de dinamismo da economia impede que sejam geradas vagas suficientes para reduzir a taxa de desocupação. Vemos um mercado de trabalho que não apresentou nenhuma evolução nesses três meses", disse Cimar Azeredo Pereira, Coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
De março para abril, o número de ocupados cresceu em 21 mil -0,1% a mais que em abril, variação considerada estatisticamente estável pelo IBGE. O número de desempregados não se alterou nessa comparação.
Já ante maio de 2006, o emprego cresceu 2,7% (548 mil pessoas), e o total de desempregados oscilou 2,3% -53 mil.
Pelo padrão histórico, já era de esperar recuo em maio, se a economia estivesse suficientemente aquecida, diz Pereira. Segundo ele, o aumento da produção registrado pelos dados do PIB do primeiro trimestre (alta de 4,3%) ainda não se traduziu em contratações.
Andréia Parente Lameiras, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), diz que a taxa de desemprego não cedeu nos últimos meses porque cresceu o número de pessoas em busca de trabalho.
Segundo ela, a PEA (População Economicamente Ativa), que abriga tanto ocupados como desempregados, aumentou 2,7% no acumulado de 2007, num ritmo mais forte do que o crescimento das pessoas em idade para trabalhar (a partir de dez anos) -2,1%. Em situações normais, os dois indicadores caminham juntos.
"Esse descompasso acontece porque pessoas que estavam na inatividade estão voltando a procurar emprego, motivadas especialmente pelo aumento da renda e pela expectativa mais positiva sobre o crescimento da economia. Mas o número de vagas não é suficiente para cobrir a maior procura."
Segundo o IBGE, o rendimento subiu 3,9% em maio ante o mesmo mês de 2006. Sobre abril, variou 0,3%. A renda média foi de R$ 1.120,30.
Lameiras disse ainda que o inchaço da PEA pode ser explicado também pelo fato de os jovens não estarem sendo absorvidos. Segundo o IBGE, as pessoas na faixa de 16 a 24 representavam 45% dos desocupados em maio -2,314 milhões.
Para Azeredo Pereira, a falta de dinamismo do mercado de trabalho afeta mais os jovens, que têm dificuldade de conseguir o primeiro emprego.
As contratações com carteira assinada subiram 3,9% ante maio de 2006 -mais 329 mil pessoas. Já no caso dos sem-carteira, houve queda de 1,3%.
O aumento da formalização, diz Azeredo Pereira, ocorre por causa do aumento da fiscalização e do emprego em ramos mais formais como serviços prestados a empresas (que agrupa bancos, consultorias e prestadoras de serviços de manutenção, limpeza e outros). Nesse setor, a ocupação subiu 9% ante maio de 2006.


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